O Cardeal-Patriarca de Lisboa defendeu este Domingo que a sociedade portuguesa precisa de “reencontrar o sentido da vida e da sua identidade cultural”.
D. José Policarpo falava na homilia da celebração de ordenação de sete diáconos, no Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa.
Após precisar que o Advento é “espiritual e culturalmente, tempo de esperança, de anúncio da esperança”, o Patriarca de Lisboa aludiu à “discussão pública, agora em curso, sobre possíveis decisões que ferem a dignidade da família, na sua base antropológica e na sua solidez institucional”, numa referência aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo.
Segundo D. José Policarpo, essa discussão “leva a substituir as posições solidamente assentes em valores perenes de ordem espiritual e moral, pelo calor apaixonado da discussão”.
Para o Cardeal-Patriarca, “a sensação, veiculada pela comunicação social, da corrupção generalizada, mina a confiança na sociedade e faz brotar um clamor profundo pela justiça”.
“A crise económica e as dificuldades reais, por vezes dramáticas, sentidas hoje por muitos portugueses, desloca facilmente os objectivos da esperança”, acrescentou.
Por tudo isto, disse D. José Policarpo, a Igreja tem de interrogar-se sobre “o modo de anunciar a esperança aos portugueses, perceber o que esperam, ou seja, quais são os conteúdos da esperança”.
“O desafio do Advento é o de sermos capazes de reduzir tudo o que esperamos e desejamos, ao encontro com quem esperamos e desejamos”, apontou.
Para o Cardeal-Patriarca de Lisboa, “uma manifestação da infidelidade dos cristãos, talvez a mais grave, é eles estarem no mundo e não exprimirem na sua acção e reacção, a luz e a força desse encontro”.
“São cristãos, mas estão no concreto da vida com os critérios culturais profanos: na cultura ambiente, na circunstância política ou ideológica, nos triunfos e revezes da economia”, lamentou.