Especialista defende necessidade de criar uma dinâmica que vá «fidelizando a comunidade virtual»
Lisboa, 08 mai 2013 (Ecclesia) – A presença da Igreja Católica nas redes sociais, tema em destaque no próximo domingo, Dia Mundial das Comunicações Sociais, só terá sucesso se privilegiar a “qualidade”, a “diversidade” e a “atualização” permanente dos conteúdos.
Em entrevista à ECCLESIA, Bento Oliveira, professor e dinamizador de diversos projetos nas redes sociais, realça que “não basta” recorrer a ferramentas como o Facebook e o Twitter e “simplesmente despejar lá para dentro o Pai-Nosso”.
“É preciso pensar como levar esta nova praça a ser um ambiente em que as pessoas possam estar imiscuídas”, sublinha o docente, citando a expressão que o agora Papa emérito Bento XVI utilizou na mensagem dedicada ao evento de 12 de maio.
No documento, Joseph Ratzinger apontou para o nascimento de “uma nova ágora, duma praça pública e aberta” que, se for “bem e equilibradamente” utilizada, poderá também abrir espaço a mais “formas de diálogo e debate” entre a fé católica e a sociedade.
De acordo com Bento Oliveira, “a Igreja sempre esteve na vanguarda da utilização das novas tecnologias”, encarando-as como “uma mais-valia para criar comunidade”.
No entanto, só com projetos de “qualidade”, que privilegiem “a diversidade e a quantidade da atualização” é que será possível desenvolver uma comunicação bem-sucedida nos novos meios digitais, e criar uma dinâmica que vá “fidelizando a comunidade virtual”.
O professor destaca ainda a importância deste tipo de iniciativas congregarem o esforço de várias pessoas, para alimentar a “discussão” e consequentemente o surgimento de novas ideias para colocar a debate, dando como exemplo o blogue “iMissio”, criado durante o último Advento.
“Felizmente já somos oito pessoas a dinamizar este projeto e vamos tentando que haja alguma multidisciplinaridade no grupo”, sublinha Bento Oliveira.
Além da reflexão litúrgica, a ideia é “que haja sempre um artigo de fundo que possa levar as pessoas a pensar”, para “que outras pessoas também possam ir bebendo, comunicando, partilhando”, complementa.
Segundo o padre José Paulo Machado, da Diocese de Angra, “a aproximação da Igreja aos media tem crescido” ao longo das últimas décadas mas a preocupação com as redes “não é nova”, já vem desde os primórdios da imprensa.
[[v,d,3931,Análise de Bento Oliveira e do padre José Paulo Machado]]“Quando a tiragem dos jornais ainda era limitada e ia para os cafés, quem se encontrava neles já entrava num processo de rede e de partilha”, sustenta o doutorando em Comunicações Sociais na Universidade Católica Portuguesa.
O Dia Mundial das Comunicações Sociais, que este ano é assinalado no domingo que antecede a solenidade litúrgica de Pentecostes -, foi estabelecido pelo II Concílio do Vaticano através do decreto «Inter Mirifica», de 1963.
A celebração vai ser antecedida em Portugal por uma sessão de apresentação, esta quarta-feira, às 16h00, no auditório do Fórum Picoas (Lisboa), com intervenções de Filipa Martins (Portugal Telecom), Bento Oliveira (iMissio) e D. Pio Alves (presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais).
A sessão de apresentação vai ter transmissão na internet, em http://www.ecclesia.pt/dmcs/ e na televisão, através do Meokanal ‘Ecclesia’ (524995).
PR/JCP