Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
A viagem do Papa à Polónia quis ser um alerta para toda a Europa: num país marcado pelos sofrimentos do século XX e perturbado pela atual crise dos refugiados, Francisco recorreu à “memória boa”, aos fundamentos cristãos da sociedade polaca para apelar a uma ação solidária, de misericórdia, que permite ajudar os mais frágeis sem comprometer a identidade de cada um.
Simbolicamente, o Papa escolheu duas formas de passar esta mensagem: um silêncio absoluto em Auschwitz, diante da crueldade humana – termo que repetiria em diversas ocasiões; a festa com os participantes na Jornada Mundial da Juventude, a maior festa católica a nível internacional, que desafiou à construção de uma “nova humanidade”, sem medo das críticas, dos desafios, das próprias fragilidades.
Os discursos que Francisco dirigiu aos jovens estão entre os mais “programáticos” do seu pontificado. “A nossa credibilidade de cristãos é posta em jogo no acolhimento da pessoa marginalizada que está ferida no corpo, e no acolhimento do pecador que está ferido na alma” – a frase parece uma síntese perfeita do que o Papa quer para a Igreja Católica.
O catolicismo do futuro, apresentado aos católicos do futuro, tem como palavras-chave “misericórdia”, “fraternidade”, “perdão”.
Uma palavra não entra nesta lista: sofá. Foi a imagem que o Papa Francisco escolheu para falar de uma geração acomodada, à espera que o mundo mude sem fazer nada por isso, anestesiada. Os “jovens-sofá” estão longe da alegria proposta pela Igreja Católica, mas resta saber como será possível chegar até eles de forma eficaz. Os grandes eventos, como a JMJ, implicam grandes desafios e os participantes trazem, com certeza, muitos apontamentos.