R. D. Congo: Padre comboniano português denuncia violência no Kivu Norte, com «imensas pessoas» a fugir das aldeias

Sacerdote Marcelo Oliveira descreve situação na região, com a presença de grupos armados, e aponta a falta de vontade política em alcançar a paz

Lisboa, 10 jan 2024 (Ecclesia) – O padre comboniano português Marcelo Oliveira denunciou a violência de grupos armados que tem assolado a região do Kivu Norte, no leste da República Democrática do Congo, obrigando à fuga de populações.

“Há imensas pessoas que estão a fugir das suas aldeias, aldeias que se tornam cidades fantasma e que impedem as pessoas de ter o necessário”, relatou o sacerdote, numa mensagem enviada à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), em missão há vários anos no país.

A época festiva do Natal foi um momento conturbado para os populares, que vivem situação delicada com o cenário de paz condicionado.

“O Natal é normalmente a festa da tranquilidade, da paz, da alegria, da fraternidade, da família, mas, para estas populações, [foi] um momento extremamente difícil, de angústia de não saber onde ficar, de andar foragido, de andar assustado com toda esta agitação, que é fruto da falta de vontade da política, de poder mudar a situação”, destacou o padre Marcelo Oliveira.

O sacerdote português fala dos ataques constantes do grupo M23, uma rebelião que “continua a massacrar, a torturar pessoas que continuam foragidas de um lado e do outro”.

O padre comboniano evoca os esforços do presidente de Angola, que tem procurado um acordo de paz com a República Democrática do Congo e do Ruanda, dando como exemplo uma cimeira tripartida que se deveria ter realizado a 15 de dezembro.

O encontro foi “anulado, porque o Ruanda não quis participar deliberadamente”, explica o padre comboniano, adiantando que país “procura sempre razões para não participar e assim fazer com que a guerra possa continuar indefinidamente”.

“[Ruanda] continua a querer massacrar a população do Congo para se acaparar das terras e assim poder roubar tudo o que são riquezas naturais deste país”, alerta.

A Fundação AIS adianta que se estima que mais de 1,7 milhões de pessoas vivem deslocadas somente na província do Kivu Norte e em todo o país mais de 7 milhões de congoleses foram obrigados a deixar as suas casas devido a confrontos armados.

LJ/OC

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