Francisco cumpriu tradição e encontrou-se com 70 reclusos, no dia da cerimónia de lava-pés

Cidade do Vaticano, 17 abr 2025 (Ecclesia) – O Papa Francisco deslocou-se hoje à prisão romana ‘Regina Coeli’, na primeira saída do Vaticano neste período de convalescença, para uma visita privada aos reclusos e, no final, disse estar a viver a Páscoa como pode.
“Vivo-a como posso”, afirmou aos jornalistas que foram ao encontro do carro do Papa, à saída da visita que fez no início desta tarde.
“Pouco antes das 15 horas, o Papa Francisco visitou o Estabelecimento Prisional Regina Coeli. Acolhido pela diretora do estabelecimento, Claudia Clementi, e pelo pessoal, chegou à Rotunda principal, onde se encontrou com cerca de 70 reclusos, de várias nacionalidades, que participam regularmente nas atividades e catequeses organizadas pelo Capelão do Instituto”, indicou a Sala de Imprensa em comunicado.
A Sala de Imprensa da Santa Sé disse que, “depois de uma breve saudação da diretora, que exprimiu a gratidão de toda a comunidade pela visita”, o Papa Francisco confirmou o seu desejo de estar presente entre os reclusos, neste dia.
“Gosto de fazer todos os anos o que Jesus fez na Quinta-feira Santa, o lava-pés, na prisão”, afirmou.
“Este ano não posso fazê-lo, mas posso e quero estar perto de vós. Rezo por vós e pelas vossas famílias”, acrescentou o Papa.
No final de um momento de oração, o Papa saudou individualmente cada um dos presos e depois dirigiu-se aos presentes para rezar em conjunto o Pai-Nosso e dar a sua bênção.
A Sala de Imprensa da Santa Sé indicou que “a visita durou cerca de 30 minutos”.
Francisco cumpre assim a tradição de estar com reclusos, no dia da cerimónia de lava-pés, gesto que marca a tarde de Quinta-feira Santa.
A visita desta tarde representa um regresso, dado que o pontífice presidiu em 2018 à Missa vespertina de Quinta-feira Santa na prisão ‘Regina Coeli’ de Roma, onde lavou os pés a 12 homens, de várias religiões.
Desde o início do pontificado, o Papa escolheu celebrar a Missa da Ceia do Senhor, que abre o Tríduo Pascal, em locais simbólicos, ligados ao sofrimento humano, como prisões, centros de refugiados ou instituições de saúde.
Em 2024, Francisco esteve na prisão feminina de Rebibbia, em Roma, onde lavou os pés a 12 mulheres de várias nacionais e várias confissões religiosas.
Antes da pandemia, Francisco celebrou sempre o início do Tríduo Pascal fora do Vaticano, tanto em prisões –2019, 2018, 2017, 2015 e 2013 – como num centro de acolhimento de refugiados, em 2016, ou num centro para reabilitação de pessoas com deficiência e idosos, em 2014.
A Covid-19 obrigou o pontífice a celebrar na Basílica de São Pedro, em 2020, homenageando os sacerdotes que tinham morrido, por causa da doença; em 2021, o Papa celebrou a Missa da Ceia do Senhor com D. Angelo Becciu, seu antigo colaborador, que em 2020 se demitiu da Congregação para a Causa dos Santos e renunciou aos direitos ligados ao cardinalato.
Já em 2022, Francisco retomou a tradição e deslocou-se à prisão de Civitavecchia, arredores de Roma, numa visita privada à cadeia.
Em 2023, o Papa deslocou-se no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo, nos subúrbios da capital italiana, onde também tinha estado em 2013.
A 26 de dezembro de 2024, Francisco abriu uma porta santa na prisão de Rebibbia, por ocasião do Ano Santo, num gesto inédito na história dos Jubileus.
No total, o Papa visitou 15 cadeias durante o seu pontificado, a maioria na Itália e outras durante viagens ao estrangeiro.
Francisco, em convalescença na Casa de Santa Marta desde 23 de março, está a recuperar, mas não vai presidir às celebrações dos próximos dias, na Semana Santa.
O Papa delegou a presidência da Vigília Pascal e da Missa de Páscoa, celebrações centrais do calendário católico.
A Eucaristia de Domingo de Páscoa, pelas 10h30 (menos uma em Lisboa), vai ser presidida pelo vigário emérito para a Cidade do Vaticano, cardeal Angelo Comastri, na Praça de São Pedro, seguindo-se a bênção ‘Urbi et Orbi’ ao meio-dia de Roma, para a qual a Santa Sé ainda não deu indicações.
Já a Vigília Pascal começa a ser celebrada pelas 19h30 de sábado, na Basílica de São Pedro, sob a presidência do cardeal Giovanni Battista Re, decano do Colégio Cardinalício.
A Missa Crismal, esta manhã, foi presidida pelo cardeal Domenico Calcagno, presidente emérito da Administração do Património da Sé Apostólica (APSA).
A celebração da Paixão, de Sexta-feira Santa (17h00) vai ser presidida pelo cardeal Claudio Gugerotti, prefeito do Dicastério para as Igrejas Orientais.
Já a Via-Sacra do Coliseu (21h15) vai ser conduzida pelo cardeal Baldo Reina, vigário-geral da Diocese de Roma; o Papa preparou, pelo segundo ano consecutivo, as meditações para esta cerimónia tradicional de Sexta-feira Santa.

OC/PR
Notícia atualizada às 15h20