Questões da vida não admitem relativismo ético

Valor da vida humana em debate A discussão em volta do “Valor da vida hoje” está no centro das Jornadas promovidas pela Associação Católica de Enfermeiros e Profissionais de Saúde, que decorrem entre hoje e amanhã, em Lisboa. Os promotores da iniciativa deixaram claro, desde o início, que a vida humana deve ser defendida “desde a concepção até à morte natural”. O relativismo ético que marca a discussão em volta desta temática é o principal alvo das críticas. D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa, considerou a iniciativa de “extrema oportunidade” dado que as questões da vida marcam “a agenda cultural”: “as grandes questões éticas têm-se deslocado para o domínio da vida”, apontou. “A objectividade científica é um primeiro dado que nos pode unir a todos, mas hoje isso não é muito fácil, dado que há muita informação e as questões são, muitas vezes, colocadas já na sua conclusão, sem que haja uma exposição das premissas”, adiantou, em declarações aos jornalistas. D. Manuel Clemente assegura que “hoje não há razões para ter dúvidas” sobre os dados biológicos disponíveis em relação ao início da vida, pelo que só há um conclusão possível: “como sociedade, temos de nos unir na promoção deste valor básico da vida”. “Se se pode atacar a vida no seu princípio, como é que não se pode atacar no seu princípio ou no seu fim?”, pergunta. Valores absolutos Olimpia Tarzia, secretária-geral do movimento pró-vida na Itália, deu início aos trabalhos com uma conferência sobre o relativismo ético, alertando os presentes para os riscos do “clima cultural globalizado”. “É essencial evitar que aconteça nos nossos países o que já aconteceu noutros”, referiu. Perante uma cultura dominante que classificou como “de morte”, esta especialista lembrou que o embrião é “o mais pequeno dos meus irmãos”, denunciando “a estratégia para atingir a vida, onde o ser humano é mais frágil”. Sobre o relativismo ético, a conferencista recordou que “há normas morais que são válidas para todos” e que há situações que configuram um “mal objectivo”. Olimpia Tarzia é formada em Ciências Biológicas e considera que um dos grandes perigos é fazer acreditar que esta questão está relacionada com religião ou política. “O direito à vida não pode ter conotações políticas ou religiosas”, afirmou. Durante a sua intervenção, a especialisya quis deixar uma mensagem especialmente dirigida aos jovens: “É necessário que se preparem e que se apetrechem para racionalizar as esperanças”. Procriação Medicamente Assistida Relativamente à discussão actual sobre o quadro legislativo para a Procriação Medicamente Assistida, D. Manuel Clemente defende uma discussão séria, “procurando a fundamentação” das várias posições. “O que é preciso salvaguardar, acima de tudo, é o estatuto e a dignidade do embrião. Este é um ponto inultrapassável, não apenas em perspectiva confessional”, acrescenta. O movimento por um referendo à procriação medicamente assistida (se a Assembleia da República aprovar este pedido é o primeiro referendo por iniciativa popular da história da nossa democracia) revelou hoje, em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, que há já milhares de assinaturas recolhidas. O prazo para angariação de assinaturas foi prorrogado e os promotores da campanha (www.referendo-pma.org) decidiram estender esta campanha até dia 5 de Abril.

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