Missionário comboniano testemunha 25 anos de missão neste país de África
Lisboa, 25 nov 2015 (Ecclesia) – O padre António Alexandre Ferreira, dos Missionários Combonianos, esteve no Quénia durante 25 anos e destaca que o Papa Francisco vai ser recebido hoje “num país vibrante de entusiasmo”, mas de contrastes sociais, por pessoas “muito hospitaleiras”.
“Como é a primeira vez que vai a África acho que o Papa Francisco nunca viu nada semelhante. As pessoas vão ficar felicíssimas por ver o Papa, não só os católicos mas outros cristãos e não cristãos”, começa por assinalar o padre António Alexandre Ferreira.
À Agência ECCLESIA, o missionário comboniano que viveu no Quénia durante 25 anos e contextualiza que é um país com muitos “problemas e desafios” como “a corrupção, a insegurança, a pobreza, o desemprego juvenil, saúde, nomeadamente a sida”.
Neste contexto, o sacerdote destaca que o Papa vai dar “esperança”, um “novo fôlego” para a vida de todas as pessoas, “especialmente o povo simples que vive nas aldeias e nos subúrbios”.
Francisco começa hoje a 11.ª viagem internacional do pontificado em Nairobi, a capital do Quénia, onde vai fazer uma visita de cortesia ao presidente da República e participará no encontro com as autoridades e o Corpo Diplomático.
O padre António Alexandre Ferreira tem “esperança” que esta visita possa ter “consequência efetivas” na sociedade queniana, em concreto as estruturas governamentais e as instâncias de decisão, nomeadamente quanto a assuntos que são permanentes na sua agenda, “a atenção aos mais pobres e os direitos humanos”.
Para além do Quénia, o Papa vai visitar também o Uganda, para onde parte esta sexta-feira, dia 27, e dois dias depois aterra em Bangui, República Centro-Africana (RCA).
Para o missionário comboniano os dois primeiros países “têm muito a ver com a Igreja”, no Quénia 33% da população é católica e o Uganda é eminentemente católico, depois, a RCA é “diferente” pela realidade “muito instável”, com países vizinhos nas mesmas circunstâncias, onde Francisco vai “promover a paz”.
O padre António Alexandre Ferreira começou a sua missão no Quénia em 1977, depois de um interregno em 1982 regressou de 1990 a 2009, e conheceu as diferentes realidades do país, o interior, os subúrbios da capital e o norte, “um país completamente diferente”.
Nos subúrbios o sacerdote encontrou “problemas sociais muito graves” onde faltam as condições básicas de vida e o desenraizamento das pessoas, “longe das terras de origem”, torna-as “pobres duas vezes”, considera.
“No norte as pessoas são pobres mas estão integradas no seu ambiente, na sua cultura, à volta da capital, nas grandes aglomerações, falta tudo”, observou.
No norte do Quénia, onde o sacerdote viveu na primeira vez, 95% das pessoas eram muçulmanas, depois noutras zonas havia as religiões tradicionais e “as relações eram pacíficas” ao contrário de hoje com a presença de “grupos que procuram trazer a instabilidade”.
O padre António Alexandre Ferreira recorda que as diferentes religiões trabalhavam juntos em projetos de desenvolvimento como “a saúde, o problema da água e sobretudo da paz” entre as tribos quando havia problemas “sobretudo por causa das pastagens, animais roubados”.
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