Quénia: Padre Filipe Resende partilha «sonho» missionário dedicado ao «desenvolvimento» e à «evangelização» (c/vídeo)

«Missionário no meio do mato onde ninguém conhece Jesus Cristo, ou muito pouca gente», salienta o sacerdote que agora partilha a missão em Portugal

 

Lisboa, 24 ago 2020 (Ecclesia) – O padre Filipe Resende, Missionário Comboniano, esteve 16 anos no Quénia onde terminou a formação superior e dedicou-se à promoção humana e à evangelização das pessoas, que agora partilha na animação missionária e juvenil em Portugal.

“Valorizei muito na experiência estar a estudar a Teologia e, ao mesmo tempo, estar num país de missão. Ajudou-me muito porque durante as férias escolares ia sempre para uma das nossas missões onde a evangelização tinha começado há poucos anos com as tribos”, disse hoje o sacerdote no programa Ecclesia na RTP 2.

O padre Filipe Resende explica que, depois do noviciado, no Instituto Missionário Comboniano fazem a “formação final sempre em clima internacional, em contexto de missão”, e no Quénia teve “uma experiência de primeira evangelização fundante”, para onde voltou em 2008 e trabalhou com o povo Pokot durante mais cinco anos, depois do regresso a Portugal para a ordenação sacerdotal em 2002.

“Foram os anos mais felizes porque desde miúdo sonhava sempre com este missionário ad gentes, missionário no meio do mato onde ninguém conhece Jesus Cristo, ou muito pouca gente. Foi sempre esse o sonho que me animou”, desenvolveu.

O missionário Comboniano assinala que ao contrário dos turísticos safaris africanos o trabalho da missão “estava organizado nas mãos das pessoas, o pão-nosso de cada dia” e “a alegria” de receberem uma “mensagem diferente de Jesus Cristo, certamente aliada ao desenvolvimento das necessidades básicas humanas”, foi o que “sempre” o preencheu.

“O ênfase em Pokot, desde os colegas que iniciaram a presença, foi muito de formar academicamente para depois poder formar religiosamente; entender a mensagem, chegar ao coração o Evangelho que se propunha. Havia muito o esforço de fundar escolas, com os recursos mínimos que se tinha, nos últimos anos já fazíamos uma parceria com o Governo local, foi uma experiência também bonita”, explicou.

O missionário português destaca que o Evangelho “deve” fazer “mais humanos, a todos os níveis”, não só de pensamento, mas “da própria vida do dia-a-dia”, e, neste contexto, explica que existem determinadas práticas que primeiro tinham de acompanhar, “de perceber”, como a mutilação genital feminina para “não substituir os valores por “outro tipo de práticas”.

“Todas as práticas que achamos abomináveis são para justificar determinados valores que são fundantes na tradição e na vida das pessoas. E como missionários, infelizmente, se calhar no início, mesmo há 500 anos, pecamos muito por isso, chegar, cortar, não compreender e foi um trabalho que sempre tive muito cuidado”, exemplificou.

Foto Padre Filipe Resende

Em 2014, o padre Filipe Resende foi para a Paróquia de Kariobangi, com 3,5 quilómetros e meio quadrados mas “com quase 500 mil habitantes”, nos anos 90 era a “segunda ou terceira no mundo com maior densidade populacional por quilómetro quadrado”.

“Um bairro de lata” na periferia de Nairobi, capital do Quénia, onde “não eram todos católicos” e “todos os anos” tinham “200, 300 batismos de adolescentes, pessoas adultas” que era um desafio porque mesmo na capital “há trabalho de primeira evangelização”, e diversos projetos no setor da educação e da saúde.

Em 2018, o padre Filipe Resende regressou da missão e, depois de um período de estudo em Roma, está em Portugal a trabalhar no setor da animação missionária e juvenil dos Combonianos.

Para o sacerdote, o ideal missionário propõe-se de duas formas, “primeiro de tudo o exemplo, a alegria”, e alerta que “infelizmente” estão “a falhar nesse aspeto”, nesse “testemunho de alegria, de dizer isto vale a pena”, e depois “no acompanhamento e não direcionar” os jovens.

Os Missionários Combonianos no sector juvenil têm o grupo ‘Jovens em Missão’ (JIM), “um caminho de vocação, a primeira fase de anúncio, de caminhada”, e depois para quem sente “um ímpeto mais profundo” têm o ‘Fé e Missão’ que “seria um caminho mais específico de acompanhamento vocacional”.

PR/CB

 

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