Quénia: missionário português teme nova onda de violência

Mais de 12 milhões vão às urnas para o referendo sobre a nova Constituição

O padre Filipe Resende, missionário português no Quénia, faz eco dos receios de que o referendo sobre a nova Constituição possa promover um regresso “à desordem e destruição” que se viveu no país, depois das eleições de  Dezembro 2007.

Numa missiva enviada à Agência ECCLESIA, o sacerdote católica admite que o país necessita de uma Constituição “nova e mais democrática”, mas assinala que “muitos valores humanitários e fundamentalmente cristãos estão muito comprometidos na redacção da Constituição proposta a referendo” neste dia 4 de Agosto.

Mais de 12 milhões de quenianos são chamados às urnas para decidir sobre um texto que prevê restrições aos poderes presidenciais, a devolução de diferentes atribuições do Estado e a criação de um Senado com poderes de supervisão e coordenação.

A nova Constituição despertou a oposição da Igreja Católica e outras denominações cristãs, pois inclui uma cláusula que consideram abrir as portas à legalização do aborto, para além do reconhecimento de tribunais civis muçulmanos , os tribunais “Kadhi courts”.

“Esta inclusão é, por si só, previligiar um determinado grupo de pessoas em detrimento dos demais cidadãos do país. Mais ainda, os magistrados dos ditos tribunais islâmicos são pagos pelos impostos de todos os cidadãos quenianos: muçulmanos, cristãos, hindus ou simplesmente ateus”, indica o padre Filipe Resende.

O missionário português aponta o dedo a “um país inundado pela corrupção e pelos interesses particulares que ao longo dos anos teimam em prosseguir impunes”.

Mais de 63 mil agentes em todo o país foram mobilizados para garantir a segurança, particularmente no Rift Valley, onde em 2008 ocorreram o maior número de mortes como resultado da violência pós-eleitoral.

A ONU enviou 50 observadores para acompanhar o desenrolar da votação nas áreas mais problemáticas do país.

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