José Luís Nunes Martins
A fidelidade não é uma virtude, trata-se apenas de uma simples consequência do amor, quando é verdadeiro.
A traição é muito comum e resulta da falta de respeito, dos egoísmos que nem sequer se suportam a si mesmos. Procuram receber, não dar. A traição é uma tentativa de fuga de quem não se respeita a si mesmo. Falha sempre, pois ainda que dê voltas e mais voltas ao mundo, a desgraça de que foge está, afinal, no fundo de si mesmo.
Quem trai julga que, por não acreditar na verdade, esta deixa de ser o que é.
Ser fiel ao outro começa pela verdade e fidelidade face a si mesmo. Só trai o outro quem se aceita a si próprio como traidor.
Quem ama não trai, porque quem ama não se trai.
O verdadeiro mal nunca chega a partir de fora. O único mal que nos faz cair em desgraça é aquele que escolhemos fazer.
O nosso valor e a confiança que merecemos dependem da nossa capacidade de amarmos os outros, que, em verdade, nos podem sempre trair.
Mas o Amor, o amor verdadeiro, é algo de muito raro.
Há muitas aparências e enganos a que, sem grande sentido, chamamos amor.
Amor é uma espécie de nome comum para um enorme conjunto de histórias atribuladas e acidentes confusos que acontecem entre pessoas que encontram e desencontram os caminhos da sua existência.
Fala-se muito destes amores e pouco do Amor.
O Amor é a vontade pura pelo bem do outro.