Que futuro para a imprensa católica?

Jornais católicos devem afirmar claramente e com profissionalismo

Afirmar claramente a identidade católica, numa dimensão informativa e formativa, mas numa linguagem entendível por todos os públicos deverá ser a marca da imprensa católica.

Para o Director do “L’Osservatore Romano”, jornal do Vaticano, esses são os desafios da imprensa católica. Gian Maria Vian defendeu, no Congresso sobre a Imprensa Católica a decorrer em Roma, que “os media católicos não são diversos dos restantes media”. Mas têm de afirmar a sua linha editorial muito claramente. No caso, a identidade católica.

O director do diário da Santa Sé afirma que, naquilo que publica, a imprensa católica deve oferecer sempre a “visão católica” dos acontecimentos, tendo em conta o carácter universal do catolicismo e a tradição romana da Igreja Católica.

Do ponto de vista histórico, a visão cristã dos acontecimentos tem em conta a universalidade da realização da experiência cristã católica. E também, como insistiu Gian Maria Vian, a fidelidade à tradição romana.

Para o Director do “L’Osservatore Romano”, com edições diárias em italiano e semanais noutras sete línguas, é indispensável que se abandone o “eclesialês” (expressão, usada não só em Itália, que designa a linguagem interna da Igreja Católica). Se utilizarmos só a linguagem interna “não seremos escutados”, referiu.

No Congresso sobre a Imprensa Católica e o desafio que as novas tecnologias colocam, foram apresentadas experiências vividas nos vários continentes. Em muitos casos, dificuldades relativas à liberdade de imprensa impedem o desenvolvimento de projectos editoriais sustentáveis.

Marco Tarquinio, director do Avvenire, denunciou o “impressionante snobismo mediático que permanece indiferente” à Igreja, sobretudo aos acontecimentos construtivos desenvolvidos pela “Igreja Povo”.

Para o director do diário católico de Itália, a comunidade cristã, mesmo quando é uma minoria, tem sempre o dever e a capacidade – como refere diz Bento XVI – de ser “uma minoria criativa”.

É preciso reagir contra as correntes mediáticas, nem sempre divulgadoras da verdade porque presas ao que é politicamente correcto. “Não podemos e não nos queremos render à lógica do circo mediático”, afirmou Marco Tarquinio.

A defesa da liberdade de imprensa acontece, para o director do Avvenire, quando, na era da informação e da democracia digital, é possível defender “a inviolabilidade da pessoa humana” e a sua “não instrumentalização política, económica, racista”.

Na história de outro diário europeu, o francês La Croix, a participação no debate público, sem fugir a todos os temas, faz com que tenha conquistado o seu lugar na sociedade mediática de França (ver: Chaves do sucesso do diário católico francês «La Croix»).

Na América do Sul, muitos jornais católicos desenvolvem projectos de evangelização na imprensa. “Não para ser trincheira, mas para fazer pontes”, referiu o responsável pela imprensa na Conferência Episcopal do Chile, Jaime Coiros Castros, intervindo no Congresso sobre a Imprensa Católica. São projectos com um carácter missionário, ao serviço dos mais pobres e denunciando as desigualdades socais.

Relatos de África e Ásia, apresentados no Congresso sobre a Imprensa Católica, informam sobre limitações provocadas por pressões políticas e religiosas. Sobretudo em contextos onde a Igreja Católica é minoritária.

Por iniciativa do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, representantes de 85 países debatem, em Roma, entre os dias 4 e 7 de Outubro de 2010, o futuro da imprensa católica. Em análise, os conteúdos a publicar e os desafios surgidos com as ferramentas digitais.

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