Que a Igreja de Aveiro seja âncora e farol para todos

Pediu D. António Francisco dos Santos na tomada de posse. A diocese de Aveiro tem desde ontem (dia 8 de Dezembro) ao leme do seu barco D. António Francisco Santos. A cidade da Ria saiu à rua para receber o novo pastor que foi recebido na Sé por milhares de pessoas que queriam conhecer o sucessor de D. António Marcelino. Na sua primeira mensagem, o até agora Bispo Auxiliar de Braga disse fazer seus os planos pastorais já assumidos pelos aveirenses, mas não deixou de apontar algumas “motivações profundas e convicções firmes” sobre o que deverá ser o seu ministério episcopal em Aveiro. Um ministério que será marcado pela “esperança, bondade e comunhão” – anunciou. Além da Sé, que se encheu com os bispos, padres e mais de um milhar de leigos que quis receber o novo Bispo, também o salão junto da Catedral lotou com pessoas interessadas em assistir à cerimónia, devido à instalação de um circuito interno de televisão. O adro da Sé, apesar da chuva e do frio, foi outro dos locais que reuniu as pessoas durante o acto da posse de D. António Francisco dos Santos. “Que a Igreja de Aveiro continue a ser ousada na caridade e criativa nas razões e nos conteúdos da alegria cristã, contribuindo assim para a santidade de todos, para o bem da humanidade e para a beleza do mundo, onde o religioso reencontre lugar e cidadania”, disse o sucessor de D. António Marcelino na sua primeira homilia, interrompida por aplausos da assembleia quando o prelado fez referência à sua Mãe, que se encontra há muito tempo doente em Lamego, a diocese de onde é natural. Elogio aos antecessores No discurso inaugural, o novo Bispo de Aveiro reconheceu e louvou o trabalho dos seus antecessores, destacando D. António Marcelino e D. Manuel de Almeida Trindade, que, por razões de idade e saúde, não esteve presente na celebração. D. António Marcelino foi um “semeador sempre dedicado, generoso e incansável da Boa Nova do Reino e construtor interpelativo e corajoso de um diálogo necessário e lúcido da Igreja com a sociedade do nosso tempo”. Por seu lado, D. Manuel de Almeida Trindade, “no recolhimento do silêncio e da oração, continua a ser uma bênção para a Igreja de que tomou posse como Bispo a 8 de Dezembro de 1962 e que hoje serve com a diligência da oferta duma vida amadurecida” – realçou o novo bispo de Aveiro que, durante a homilia, saudou também os representantes das confissões cristãs instaladas em Aveiro: metodistas, ortodoxos e baptistas. Na homilia, o prelado saudou também as autoridades judiciais, civis, académicas e militares, a quem assegurou “total disponibilidade para trabalhar, no respeito pela diversidade e especificidade de missões e de objectivos, mas sempre com espírito de leal e eficaz colaboração em ordem ao progresso de Aveiro, cidade e diocese, e ao bem das suas gentes, meta que é comum a todos”. Atenção aos problemas humanos e aos desafios da cultura Explicando em que consistirá o «ministério de esperança, de bondade e de comunhão» que espera exercer, D. António Francisco dos Santos afirmou que procurará “testemunhar a esperança cristã e o ânimo evangelizador (…) para que a Igreja de Aveiro seja âncora e farol para todos, crentes e não crentes”. E “para que seja uma Igreja atenta à voz de Deus e aberta aos problemas humanos, às exigências do nosso tempo e aos desafios da cultura” – acrescentou. D. António Francisco dos Santos referiu-se aos pergaminhos da cidade e da diocese em defesa da liberdade e ao prestígio científico da sua universidade, exortando a que a Igreja aveirense “viva a boa nova e a beleza de um cristianismo que não se cansa de proclamar as bem-aventuranças: com alegria, com perseverança e com misericórdia”. Bem-aventuranças que, salientou o bispo de Aveiro, “oferecem-nos, em linguagem que o tempo não desgasta e em paradigmas que os séculos não destroem, uma das mais belas sínteses do Evangelho e a Carta Magna de um humanismo integral, como proposta de paz, anúncio de esperança e semente de renovação”. “Somos uma diocese nova, recém-restaurada. Mas o caminho já percorrido é grande e belo, com as etapas marcantes de dois Sínodos diocesanos a cujos dinamismos me vinculo. É meu dever assumi-los. É meu desejo continuá-los” – anunciou D. António Francisco dos Santos, que, por sua vontade, vai contar com a colaboração de D. António Marcelino, de quem ontem recebeu o báculo. Um gesto que simboliza a comunhão no ministério episcopal e que foi presenciado pela assembleia com uma salva de palmas. Pelo trabalho realizado. E para incentivar quem chega. Um bispo emérito disponível Na fachada da catedral, lia-se esta mensagem que resume a forma como o novo Bispo quis apresentar-se à Diocese: «Cristão convosco, bispo para vós». Antes da celebração, D. António Francisco dos Santos rezou junto ao túmulo da Princesa Santa Joana, Padroeira da Diocese de Aveiro, seguindo em cortejo processional até à Sé acompanhado de duas dezenas de bispos, entre eles D. Ximenes Belo. O até agora Bispo Auxiliar de Braga só ocupou o cadeira e assumiu a presidência da celebração, após a proclamação do Evangelho e a leitura da Bula Pontifícia que nomeia D. António Francisco dos Santos Bispo de Aveiro. Um documento com data de 21 de Setembro do corrente ano e que ontem foi lido pelo Vigário Geral da Diocese, monsenhor João Gaspar. Na sua alocução de despedida à Igreja de Aveiro, apesar de continuar na diocese agora “de modo discreto”, D. António Marcelino – algo emocionado – disse que continuará “sempre disponível” porque, acrescenta, “um bispo dado à Igreja é dado para sempre”. Ou seja, “nunca deixa de o ser”. A capacidade de escuta e de diálogo, a riqueza de dons naturais e sobrenaturais e a formação humana e teológica foram algumas das qualidades do novo Bispo de Aveiro ontem elogiadas pelo seu predecessor. Um prelado “talhado para esta diocese”, rematou D. António Marcelino, antes de lhe entregar o báculo, que simboliza a comunhão e transmissão de poder. Gesto acompanhado de um forte abraço e ao qual a assembleia correspondeu com uma calorosa salva de palmas, que se ouviram também no final da celebração quando um padre, uma religiosa, uma jovem e um casal com três filhos agradeceram o trabalho de D. António Marcelino e deram as boas-vindas ao seu sucessor.

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