Quaresma: tempo para renovar a fé e redescobrir o valor da vida

Mensagem de D. Manuel Felício, Bispo da Guarda, para a Quaresma 2007 “Estamos a começar mais uma Quaresma, tempo especial que o calendário litúrgico propôe a todos os cristãos para prepararem bem a celebração da Páscoa. E a partir da celebração da Páscoa, no Tríduo Pascal, que nós havemos de programar e viver bem a nossa Quaresma. A Páscoa celebra a vida em plenitude, que brota da Ressurreição de Cristo, esperança de salvação para o mundo inteiro, mas, em primeiro lugar, para todos os que acreditam n’Ele e com Ele estão configurados pelo Baptismo. Ser baptizado é, por isso, acolher em si mesmo a força da Ressurreição de Cristo, participar na vida em plenitude que Ele veio trazer à Humanidade e orientar toda a Sua vida pessoal e comunitária pelos valores do Evangelho 1. A Quaresma, tempo de formação na Fé A nossa Quaresma há-de ser, assim, um tempo especial em que, primeiro, procuramos conhecer melhor quem é Jesus Cristo e o Evangelho. Por isso, convido todos os cristãos e comunidades cristãs da nossa Diocese a intensificarem, nesta Quaresma, a participação na catequese, nas suas paróquias, incluindo a catequese de adultos. E naquelas paróquias onde não foi possível organizar a catequese de adultos desde o início do ano litúrgico, convido vivamente a que ela se realize na Quaresma de forma intensiva. Interpelados pela última Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (16/2/2007), sentimos que a formação na Fé e nos grandes valores nela enraizados tem de continuar a ser a nossa prioridade, principalmente concentrando esforços na “evangelização dos jovens, das famílias e dos novos dinamismos sociais”. E também queremos, como aí se diz, que “a criatividade e a ousadia, na fidelidade à missão da Igreja e às verdades evangélicas que a norteiam” sejam notas da nossa acção evangelizadora. 2. A Quaresma, tempo de Conversão e Penitência Em segundo lugar, a nossa Quaresma há-de ser tempo de conversão e penitência. Toda a vida cristã é, em si mesma, um caminho contínuo de conversão à Pessoa de Jesus Cristo. Os caminhos de Cristo e do Seu Evangelho têm de ser os nossos caminhos, mas nós sentimos que, em muitas situações, ainda não o são. Daí a urgência da conversão. Ora, em todo o processo de conversão, é preciso, em primeiro lugar, promover o esclarecimento das consciências, responsabilizando cada pessoa pela procura da verdade, à qual há-de saber ajustar a sua consciência, antes de tomar decisões e, de acordo com elas, assumir com dignidade os seus comportamentos pessoais e sociais. E como lembra a mesma Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, “para os católicos, a Verdade Revelada e transmitida pela Igreja, no quadro de uma Tradição Viva, é elemento fundamental no esclarecimento das consciências”. Por sua vez, a Penitência começa quando cada um de nós reconhece o mal que praticou; prolonga-se no acto de decidir abandonar o caminho do mal; tem o seu ponto alto na celebração do Sacramento da Penitência ou Confissão, em que é decisivo o encontro pessoal com o sacerdote e a absolvição individual; e termina com a reparação do mal praticado, até onde for possível. Desta maneira, todo o processo penitencial nos convida a reconhecer que, de facto e infelizmente, há pecado e que ele precisa de ser perdoado e reparado. E esta é uma mensagem que cristãos e comunidades cristãs se sentem no dever de transmitir também à sociedade civil actual, onde teima em persistir uma cultura que, deliberadamente ou não, confunde o mal com o bem, ou, pelo menos, demite-se das suas responsabilidades quando se trata de ajudar os indivíduos a formarem as suas consciências e a determinarem os seus comportamentos, tendo em conta critérios objectivos de moralidade. 3. Quaresma, tempo de olhar para Cristo O Santo Padre Bento XVI convida-nos a olhar para Cristo, nesta Quaresma e a redescobrir n’Ele o pleno cumprimento do amor, que é a única lei pela qual queremos orientar a nossa vida. Com toda a sua existência na terra, mas principalmente com a Morte na Cruz, Jesus diz-nos que o amor, em si mesmo, é uma partilha de vida e Ele fez essa partilha em grau máximo, entregando-se à morte pelo bem de todos e cada um dos seres humanos. “Hão-de olhar para Aquele que trespassaram”, lembra o Papa, citando o Evangelho de 5. João 19,37, na sua mensagem para esta Quaresma. E, de facto, é a olhar para Jesus que nós também queremos, nesta Quaresma, intensificar a nossa partilha, através da Renúncia Quaresmal que todos os anos nos é lembrada, recusando o consumo de certos bens, mais ou menos dispensáveis, para irmos em auxílio de projectos que ajudem irmãos nossos a crescer na sua dignidade ou a superar situações graves que as circunstâncias lhes impuseram. 4. Destino da nossa renúncia quaresmal Este ano, vamos destinar a nossa renúncia quaresmal às seguintes duas finalidades: 1ª) Desenvolver o Centro de Apoio à Vida (CAV), que já existe na nossa cidade da Guarda, embora a funcionar em instalações que não são próprias e sem as necessárias condições. Este Centro de Apoio à Vida ajuda mães grávidas que aguardam o nascimento dos seus filhos e não têm condições para os acolher e outras mães já com filhos recém-nascidos, mas que não dispõem de meios para tratar deles. Pretendemos que este importante Centro de Apoio à Vida seja dotado de instalações próprias e meios humanos capazes, pois sentimos que cada criança, desde o primeiro momento da sua existência, merece tudo. 2ª) Responder a vários pedidos de ajuda que nos chegam de Igrejas irmãs dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs). Que Deus nos ajude e nos acompanhe para que esta Quaresma seja oportunidade de conversão bem aproveitada por todos nós.

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