Renúncia quaresmal da diocese destinada às vitimas do sismo na Turquia e Síria e à «ação pastoral» na prisão de Coimbra
Coimbra, 18 fev 2023 (Ecclesia) – O bispo de Coimbra afirmou, na mensagem para a Quaresma, a “solidariedade” e o perdão às vítimas de abusos sexuais e sublinhou que a diocese “tudo fará” para que estas situações “não tenham lugar na Igreja”.
“Pedimos perdão a todas e a cada uma das vítimas, na esperança de que acolham a verdade dos nossos sentimentos; garantimos-lhes a nossa solidariedade e acolhimento, como contributo para ajudar a reparar os danos humanos, morais, e espirituais que persistem nas suas vidas; asseguramos que tudo faremos para que não tenham lugar na Igreja os abusos que agora conhecemos”, escreveu D. Virgílio Antunes na sua mensagem para a Quaresma de 2023, com o título «Transmitir a fé, celebrar a Páscoa», enviada hoje à Agência ECCLESIA.
“Perguntamo-nos seriamente: como transmitir a fé a todos quando entramos na Quaresma marcados pela vergonha e pela dor dos abusos sexuais cometidos contra crianças no seio da nossa Igreja? Não é fácil a resposta, pois, se acreditamos no amor de Deus que tudo vence, vemos com clareza o mal e o pecado na nossa Igreja a clamar por redenção”, acrescentou na mensagem.
A Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa no calendário católico, começa este ano a 22 de fevereiro, com a celebração das Cinzas.
O responsável indicou este tempo como o caminho de “penitência, da conversão, da purificação e da santidade de vida”, na procura da “justiça e do amor”.
“Sem verdade de vida não se transmite a fé e tudo o que se fizer ou disser sem verdade, sem justiça e sem caridade soa a vazio e não entra no coração”, reconheceu.
D. Virgílio Antunes indicou que a Páscoa só será transformadora quando cada um estiver decidido a passar “pela paixão e pela cruz própria e dos outros”.
“Sentimos presentes no nosso mundo muitos lugares de paixão e toca-nos dramaticamente a experiência de morte que chega por causa da guerra, dos sismos e das injustiças humanas. Vemos a esperança e a alegria de viver a morrer ao nosso lado, na nossa Igreja e na humanidade”, indicou.
A diocese vai destinar a renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese, à ação pastoral no estabelecimento prisional de Coimbra e ao apoio às vítimas do sismo na Turquia e na Síria.
D. Virgílio Antunes tenciona visitar os “jovens residentes em casas de acolhimento” da diocese.
Os símbolos da Jornada Mundial da Juventude vão estar na diocese de Coimbra no mês de abril, acompanhando naquela região a Semana Santa e o tempo pascal.
O responsável convida todos os jovens para “acolher os símbolos” para que entrem “alegremente no dinamismo de preparação para a Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023”.
“Convido os cristãos da Diocese de Coimbra, em todas as suas comunidades, a viverem a Quaresma e a Páscoa com sinais claros de arrependimento e conversão; a procurarem a verdade sobre os erros e pecados pessoais e eclesiais; a acolherem e acompanharem os que mais sofrem, particularmente as vítimas de todas as formas de abusos cometidos no seio da Igreja; a carregarem a própria cruz e a ajudarem o seu próximo a levar a cruz com amor; a rezarem pessoalmente, na família e na comunidade pela conversão dos pecadores; a buscarem sinceramente a santidade de vida, o único meio de que dispomos para criar uma humanidade mais feliz e transmitirmos ao mundo a alegria de acreditar em Jesus Ressuscitado”, escreveu.
LS