Bispo do Porto reparte donativos da comunidade católica entre Fundo Solidário Diocesano, Angola e Iraque
Porto, 02 mar 2017 (Ecclesia) – O bispo do Porto anunciou nesta Quarta-feira de Cinzas que a renúncia quaresmal de 2017 vai financiar Fundo Solidário Diocesano, as dioceses de Huambo, em Angola, e Erbil, no Iraque, “para ajudar os refugiados”.
Na homilia enviada hoje à Agência ECCLESIA, D. António Francisco dos Santos informa que o fruto da “generosidade” e da renúncia da Quaresma vai em primeiro lugar para o Fundo Solidário Diocesano, para “atender com a solicitude necessária” à ajuda de tantas pessoas e instituições na área geográfica da diocese portuense.
Depois, continuou na Eucaristia na Sé, vão ajudar também a diocese angolana de Huambo, que está a celebrar 75 anos de criação e tem como bispo D. José Queirós, natural de Soalhães, no Marco de Canaveses.
O bispo do Porto revelou ainda que, “com igual generosidade”, a renúncia quaresmal vai apoiar a Diocese de Erbil, no Iraque, “para ajudar os refugiados” que fugiram de Mossul e da Planície de Nínive, onde desde 2014 foram acolhidas mais de 120 mil pessoas.
Na Eucaristia de Quarta-feira de Cinzas, D. António Francisco dos Santos alertou que se vive um tempo em que a crise de valores, na Europa e no Mundo, “fragiliza o harmonioso convívio entre os povos e banaliza a vida” e quando isso acontece “quem mais sofre” são os pobres, os isolados, os indefesos, os sós, os refugiados, os doentes e os idosos.
“O pior que nos pode acontecer como sociedade é perder o encanto pela vida, desistir do respeito pela dignidade da pessoa humana e abdicar da alegria de cuidar com carinho de quem sofre”, observou.
Neste contexto, explicou aos fiéis que todos devem contribuir para que a sociedade caminhe, “vença medos, recupere esperança e valorize a vida”.
O bispo do Porto destacou que existe o direito a sonhar com um “mundo justo” habitado por “gente de bem e trabalhado por gente feliz” e é missão da Igreja e de cada um, por exemplo, “testemunhar a sobriedade onde só existe o sonho da abundância”, afirmar a presença da amizade onde “há medo e solidão”, repartir o pão e o cuidado fraterno, “ajudar a encontrar trabalho para quem dele precisa”.
A Igreja Católica começou esta quarta-feira o seu percurso de 40 dias para celebrar a festa da Páscoa, o mesmo período de tempo que Moisés passou no Sinai, até receber a Aliança, e Jesus jejuou no deserto, antes de iniciar o seu ministério, contextualizou o bispo diocesano, recordando que o novo tempo litúrgico “tem profundas raízes bíblicas”.
D. António Francisco dos Santos referiu que o tempo de Quaresma, “trabalhado pela pedagogia do silêncio, da disponibilidade interior e da oração”, a exemplo de Jesus, deve ser igualmente um “tempo essencial” onde se encontre Deus.
O bispo do Porto recordou também que o Papa Francisco convocou ao acolhimento da Palavra de Deus e a cuidar dos irmãos “como um dom”, na mensagem ‘A Palavra é um dom. O outro é um dom’ que usa a parábola do pobre Lázaro e do rico avarento como exemplo.
A Quaresma é um período marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, onde surge a renúncia quaresmal, prática em que os fiéis abdicam da compra de bens reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo.
CB/OC