Quaresma: Comissão Nacional Justiça e Paz une-se à voz do Papa para pedir outra Economia e denuncia fuga aos impostos

Organismo da Igreja Católica propõe «compromisso com uma vida mais simples»

Lisboa, 26 fev 2020 (Ecclesia) – A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo da Igreja Católica em Portugal, uniu-se hoje ao Papa Francisco para pedir mudanças na Economia, questionando práticas como a fuga aos impostos.

“Que dizemos da fuga desenfreada aos impostos, que são apenas o dinheiro que pomos em comum para as nossas necessidades coletivas? Fugir aos impostos é claramente uma omissão”, assinala a nota ‘Caminhar no Deserto’, enviada à Agência ECCLESIA.

A Reflexão Quaresmal da CNJP para 2020, na preparação para a Páscoa, recorda que este tempo deve ser marcado pela “partilha dos bens com os mais necessitados” e “o trabalho de combater estruturas que mantêm uma quantidade significativa das pessoas em situação de pobreza”.

O documento indica Portugal é um dos países europeus onde existe “maior discrepância” entre os mais ricos e os mais pobres.

“O dinheiro deve circular, senão queima as nossas mãos. O dinheiro tem que necessariamente ser partilhado”, pode ler-se.

O Papa Francisco questiona na sua mensagem para a Quaresma de 2020 os que acumulam riqueza; de 26 a 28 de março –, o pontífice convocou para Assis jovens economistas, empresários e agentes de mudança, “com o objetivo de contribuir para delinear uma economia mais justa e inclusiva do que a atual”.

A CNJP faz eco deste pedido, propondo “uma frugalidade de vida”, com a consciência de que os recursos do planeta são limitados.

Façamos face às alterações climáticas através do compromisso com uma vida mais simples, reduzida ao essencial, em que deixar de ‘ter’ se pode transformar numa forma de ‘ser’ mais e melhor. Escolhamos o ‘decrescimento’ como forma de fazer face ao crescimento desenfreado”.

A CNJP alerta para as consequências individuais e sociais de um “consumo desenfreado”, considerando que a Quaresma deve provocar “uma alteração de vida”.

“Enumeremos aquilo de que podemos prescindir na consciência de que há muitos que não possuem nada. Ultrapassemos um cuidado excessivo do corpo e da saúde, das dietas de última moda, para pensar em tantos que passam fome e que não têm o essencial para viver”, sugere o organismo católico.

A nota questiona ainda a forma como cada um usa a sua imagem e procura formas de “poder”, as quais podem levar à corrupção.

A Quaresma é um tempo de 40 dias, que tem início hoje com a celebração de Cinzas, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão.

OC

Quaresma: Papa questiona quem acumula riqueza e apela a «economia mais justa e inclusiva»

 

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