Patriarca de Lisboa marcou arranque do tempo quaresmal, com celebração na Sé
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Lisboa, 15 fev 2024 (Ecclesia) – O patriarca de Lisboa afirmou esta quarta-feira, na Catedral diocesana, que as cinzas, símbolo do início da Quaresma, “convidam à conversão e à mudança de vida”.
D. Rui Valério presidiu à Missa de Quarta-feira de Cinzas e nomeou três realidades que hoje necessitam de ser “intervencionadas com a força espiritual daqueles que vivem no Espírito de Cristo e se constituem Igreja”, sendo uma delas as cinzas.
[As cinzas] evocam a humildade da nossa condição de que fomos pó e em pó nos havemos de tornar; mas também nos colocam perante a responsabilidade pelo pecado praticado e cometido”
Na homilia da celebração, o bispo salientou que as cinzas apontam para “um significado mais amplo e profundo”, recordando que fiéis comunicam e comungam com “o universo e o mundo criado”.
“A banalidade do mal que urge corrigir” foi outra das realidades apontadas.
Segundo o patriarca de Lisboa, “o mal é uma força destruidora que não pode ter espaço, nem tolerância alguma”, realçando que é necessário reconhecer “no mal o seu aspeto sombrio e demolidor”.
“Nunca é inócua a sua presença, mas sempre fonte de morte. Por isso, a prática do jejum a que Jesus e Joel nos chamam é não só uma prática de privação, mas essencialmente um abster-se de se deixar conduzir por ilusórias aparências de felicidade, e ter Cristo como único mestre, pastor e guia”, referiu, numa intervenção divulgada pelo Patriarcado de Lisboa.
D. Rui Valério assinalou ainda a vontade de fazer deste tempo “um tempo favorável”, fazer de cada dia “o dia da salvação”.
“Sejamos nós as mãos e os olhos do Bom Samaritano para confortar os frágeis, e levantar os caídos da vida; sejamos o toque do Salvador do mundo que vem libertar os prisioneiros da exclusão, reparar dos dramas da solidão, e acolher todos os que se abeirarem de nós”, desejou.
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O patriarca de Lisboa abordou o “chamamento à esmola, à oração e ao jejum”, resgatando a observação de Jesus ao dizer que “tudo deve ser feito no mais absoluto segredo”, sem a presença da aprovação dos outros, e sem o testemunho das luzes da ribalta e do reconhecimento social.
São ações que valem por si, não dependem de outrem para a afirmação do seu valor”
No final da homilia, D. Rui Valério frisou que “a esmola verdadeira não se configura a ser só qualquer coisa, mas é a própria vida da pessoa que se dá e oferece”.
“Convidados a partilhar mais do que temos, a Quaresma é, desde já, um convite a sermos como os ramos verdes da oliveira que se deixaram consumir naquele fogo que os reduziu a cinza”, concluiu.
Na mensagem para a Quaresma 2024, o patriarca de Lisboa convidou os cristãos a percorrer o caminho quaresmal a partir das dimensões de “recordação, cordialidade e serviço”.
A Quarta-feira de Cinzas marcou o início da Quaresma, tempo litúrgico de 40 dias (a contagem exclui os domingos), de preparação para a Páscoa, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência.
LJ/OC