Renúncia do Papa deve levar Igreja Católica a «repensar a sua fidelidade a Cristo», que passa também por uma «atenção permanente ao mundo»
Faro, 19 fev 2013 (Ecclesia) – A mensagem quaresmal do bispo do Algarve, publicada esta segunda-feira, incentiva as comunidades a um empenho renovado junto dos mais carenciados, correspondendo assim ao “testamento” deixado por Bento XVI.
O texto de D. Manuel Quintas, enviado à Agência ECCLESIA, considera que o gesto da renúncia do Papa, anunciado pouco antes do início do tempo litúrgico de preparação para a Páscoa, deve levar a Igreja Católica a “repensar a sua fidelidade a Cristo”, que passa também por uma “atenção permanente ao mundo”.
“Que este tempo da Quaresma, rumo à celebração do acontecimento da Cruz e da Ressurreição, mistério do Amor de Deus manifestado em Cristo, fortaleça todos na fé e na caridade”, salienta o prelado, recordando as pessoas que precisam de ajuda, numa Diocese que conta por exemplo “com a maior taxa de desemprego” do país.
De acordo com o bispo algarvio, “o mundo continua a apresentar as consequências duma crise económica e social, que tarda a dar mostras de passar”, e a primeira solução deve passar pela “mobilização” de quem tem mais em favor de quem pouco ou nada tem.
D. Manuel Quintas salienta ainda que, para além do apoio material, a ajuda espiritual também desempenha um papel fundamental na reabilitação dos mais pobres, dos que caíram numa situação de dificuldade.
“Limitar a caridade à solidariedade ou à ajuda humanitária seria profundamente redutor”, sublinha aquele responsável, para quem os cristãos, à luz da “fé”, têm também a missão de “repartir o pão da Palavra e introduzir” os outros “no relacionamento com Deus, com a convicção de que o anúncio de Cristo é o primeiro e principal fator de desenvolvimento”.
“A fé, recorda Bento XVI, é acolhimento, adesão e resposta ao amor primeiro, gratuito e apaixonado de Deus, manifestado plenamente em Cristo. Resposta de quem está continuamente a caminho, e por isso de um amor nunca concluído e completado”, refere o bispo, citando a mensagem quaresmal do Papa.
D. Manuel Quintas aproveita ainda a sua carta pastoral para manifestar o seu apreço pelo “estilo simples, discreto e profundo” de Bento XVI, que surpreendeu e cativou “os mais céticos”.
“O seu amor à verdade aproximou-o de quantos, provenientes de diferentes saberes e culturas, a procuram de modo existencialmente honesto. Fez depender da verdade, apoiada no amor, o desenvolvimento humano integral: um grande desafio para a Igreja num mundo em crescente e incisiva globalização”, realça o prelado algarvio.
JCP