Quaresma: Bispo de Setúbal convida fiéis a «encarar os dramas das violências» na diocese

Renúncia quaresmal destina-se ao Fundo Social Diocesano e às crianças afetadas pela guerra na Terra Santa

Foto: Ricardo Perna/Diocese Setúbal

Setúbal, 05 mar 2025 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal divulgou hoje a mensagem para a Quaresma 2025, pedindo aos fiéis que encarem “os dramas das violências” na diocese.

“Confiando nesta certeza, suportada pela Fé, gostaria de vos pedir que fossemos capazes de encarar os dramas das violências na nossa Diocese. E que juntos, procurássemos encontrar a melhor forma de erradicar a violência doméstica capaz de matar; a violência verbal, capaz de destruir; a violência da fome, do desemprego e de tantas outras carências”, afirmou D. Américo Aguiar, no texto enviado à Agência ECCLESIA e publicado no sítio online da diocese.

O cardeal apela a que “cada cristão, casa homem e cada mulher, cada jovem da Diocese de Setúbal, assuma o seu papel, nesta luta que mata e destrói”.

“Tenhamos um objetivo concreto, que nos permita chegar ao Domingo de Páscoa, mais inteiros, mais completos, mais cristãos porque capazes de fazer a diferença, nem que seja na vida de uma pessoa, de uma família, de um casal”, escreveu.

A Quaresma, que começa esta quarta-feira com a celebração de Cinzas, é um período de 40 dias (a contagem exclui os domingos) marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (em 2025, no dia 20 de abril).

Na mensagem, D. Américo Aguiar fala num “tempo de incertezas”, com a guerra na Ucrânia que “não acaba”, realçando que “já se passaram três anos e os bombardeamentos continuam a destruir o que já está destruído”; no Médio Oriente, “o ódio continua a determinar comportamentos e aquilo que hoje é decidido em favor da paz, amanhã pode não acontecer”.

“As cinzas que iremos receber revestem-se de todo o seu significado. Somos pó e ao pó iremos retornar. Somos cinzas, como são «cinzas» os soldados mortos nos campos de batalha, as viúvas que choram os seus maridos, as crianças órfãs vítimas de redes de tráfico infantil, os pais e as mães que recebem os corpos dos seus filhos”, assinalou.

Nesta Quaresma, o bispo de Setúbal lança várias perguntas que podem e devem ser o desafio para este tempo: “De que forma conseguiremos que as cinzas do nosso tempo nos ajudem a crescer, a sermos capazes de dar mais fruto e fruto em abundância como nos pede o Senhor da vida e da morte? De que modo conseguiremos revolver a terra da vida e lançar-lhe vida nova?”.

De que forma seremos capazes de transformar as cinzas do sofrimento, da morte, do egoísmo, da mentira, das faltas de coerência e de respeito pelo próximo, em sofrimentos que se partilham, tristezas que se superam, generosidade que se dá sem nada esperar em troca? Como seremos exemplos de vida para os mais novos, para os que não têm Fé, para as nossas famílias e amigos?”.

Em ano de Jubileu 2025, convocado pelo Papa Francisco, a que se junta o Jubileu Diocesano dos 50 anos da criação da diocese sadina pelo Papa S. Paulo VI a 16 de julho de 1975, o cardeal frisa que este Ano Santo, “a grande festa da Esperança”, é “capaz de contrariar tudo” o que se vê acontecer.

D. Américo Aguiar alude à mensagem do Papa Francisco para a Quaresma, que convida a ser peregrinos na vida, à interrogação, de caminhar juntos, de efetivar a conversão à sinodalidade, algo que tanto ocupou todos “a nível individual e comunitário nos últimos anos”.

“Não sabemos o que irá acontecer nos próximos dias, semanas ou meses. Não sabemos se a Paz vai chegar ao povo martirizado da Ucrânia, se a Terra Santa se poderá visitar no próximo Verão, nem se a Palestina encontrará o seu território. Mas sei que Deus nunca nos abandona e que cada um de nós é muito amado. Sei que a Humanidade é capaz do pior, mas também do melhor”, destacou.

Durante este tempo litúrgico específico, a renúncia quaresmal é uma prática em que os fiéis abdicam da compra de bens adquiridos habitualmente noutras épocas do ano, reservando o dinheiro para finalidades especificadas pelo bispo da sua diocese.

No caso de Setúbal, esta será encaminhada para duas realidades de carência, sendo uma delas o Fundo de Emergência Diocesano e o restante valor reverterá, novamente, para o apoio às crianças visadas no conflito armado da Terra Santa, nomeadamente, e será entregue ao Cardeal Pierbattista Pizzaballa, Patriarca Latino de Jerusalém, à semelhança do ano passado.

Em 2024, foi entregue a Jerusalém o valor de 55.527,10 euros.

“Contamos com todos, todos, todos. A entrega deve ser feita na sua comunidade no Domingo de Ramos, este ano a 13 de abril (uma semana antes da Páscoa)”, indicou D. Américo Aguiar.

LJ/OC

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