«Alterações no quadro político e social global que lançam medo onde era preciso esperança» – D. Armando Esteves Domingues

Angra do Heroísmo, Açores, 04 mar 2025 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirma que a Quaresma 2025 começa com “desafios tão grandes que colocam toda a Igreja de joelhos diante de Deus de quem espera o auxílio”, convidando à oração, atenção ao outro e solidariedade.
“Há um mundo em guerra ou a preparar-se para ela, alterações no quadro político e social global que lançam medo onde era preciso esperança”, assinala D. Armando Esteves Domingues, na Mensagem para a Quaresma 2025, enviada à Agência ECCLESIA.
O bispo de Angra alerta que muitos pobres e irmãos “correm o risco de perder apoios de projetos humanitários” suportados por “países ricos”, “adivinhando-se problemas acrescidos como o aumento da pobreza, das doenças, do isolamento…”.
A Igreja Católica vai celebrar o tempo litúrgico da Quaresma, que começa com a celebração de Cinzas, este ano no dia 5 de março; um período de 40 dias (a contagem exclui os domingos) marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão (em 2025, no dia 20 de abril).
D. Armando Esteves Domingues salienta que Quaresma apela à oração que converte e santifica, mas também “à oração uns pelos outros”, e convida a rezar “pelas ameaças e tragédias deste mundo dividido, radicalizado, cheio de discursos prepotentes e ameaçadores”.
Nunca, como nestes dias, se viram tantas imagens televisivas a mostrar pessoas em oração. Fiéis a rezar virados para a janela do Papa, muitos outros reunidos na Praça de São Pedro e igrejas de todo o mundo”.
Na mensagem para a Quaresma, propõe “a todos os sacerdotes da Diocese e comunidades cristãs” que, no primeiro domingo da Quaresma, no dia 9 de março, “celebrem e rezem de todas as formas pela saúde do Papa Francisco e suas intenções e também pela paz e estabilização da confiança e da esperança entre pessoas e povos”.
No terceiro domingo da Quaresma, dia 23 de março, no âmbito da Semana Nacional Cáritas 2025 (16 a 23 de março), D. Armando Esteves Domingues lembra o peditório da organização católica “para apoiar os mais necessitados no país e até emergências noutros países”; as direções diocesanas da rede Cáritas Portuguesa vão reunir em Conselho Nacional, na Diocese de Angra, “uma oportunidade para reflexão”.
Convido todos os homens de boa vontade das comunidades, instituições, autarquias, serviços públicos, grupos caritativos, etc., a uma dimensão sinodal no agir, isto é, de uma prioridade relacional que ouça e envolva a todos. Juntos, podemos fazer, no território que partilhamos – paróquia ou freguesia – uma leitura atenta e atualizada das pobrezas existentes para se equacionar em quê e quem pode socorrer e ser ‘dador de esperança’”,

D. Armando Esteves Domingues aconselha a ter como guia “a lista dos mais necessitados de esperança”, que o Papa Francisco indica na Bula de proclamação do Ano Santo 2025, ‘A esperança não desilude’, dos nºs 9 a 15: os presos; os doentes; os migrantes; os idosos; os milhões de pobres; “mas é sobretudo fortíssimo o seu apelo à esperança dos jovens que muitas vezes, infelizmente, veem desmoronar-se os seus sonhos”.
O bispo de Angra indica também que a renúncia quaresmal, que “não é uma campanha de recolha de fundos, não é uma esmola”, mas “o sacrifício das pessoas e também a alegria da partilha”, vai apoiar, “em partes iguais”, o Projeto MELIKA, que significa ‘mulher, chegou a tua hora’, das Irmãs Doroteias em Matala (Angola), e o “Fundo de Emergência para apoio aos Núcleos Caritativos das paróquias da diocese”.
“Iremos apoiar a construção de quatro salas de aulas em Freixiel, cada uma com capacidade para 35 alunos e, ainda, uma sala de informática. Valor total do projeto está orçado em 67 328,90 euros”, explica D. Armando Esteves Domingues sobre o Projeto MELIKA.
O itinerário quaresmal para a catequese da Diocese de Angra, com o tema ‘Rebentos de Esperança’, convida a “refletir sobre as alianças que Deus estabeleceu com o Seu povo ao longo da história da Salvação”.
Durante a Quaresma o sítio online ‘Igreja Açores’ vai promover também uma dinâmica espiritual centrada na esperança, na sua página na rede social Facebook, onde vai publicar “uma foto e uma mensagem”, ao longo de 40 dias, selecionadas pelo cónego Adriano Borges, pároco da Matriz de São Sebastião em Ponta Delgada.
CB/OC