Quaresma: Bispo auxiliar do Porto pede fé recheada de «gestos» concretos de «amor»

D. Pio Alves alerta para tentação de «reduzir a caridade ao gesto impessoal da esmola», apenas para «alívio da consciência»

Porto, 22 mar 2013 (Ecclesia) – O bispo auxiliar do Porto, D. Pio Alves, sublinhou esta quarta-feira na Sé diocesana a importância dos católicos alimentarem a sua fé através de “gestos” concretos de “amor” ao próximo.

Numa catequese quaresmal intitulada “Fé e Caridade”, publicada na internet, o prelado salientou que o “encontro pessoal com Deus, numa sociedade, na Igreja, inclui necessariamente os outros” e que estes “não são algo postiço, acrescentado” ao processo crente.

“Em Deus, o homem descobre-se a si mesmo; em Deus descobre também a sua radical igualdade e a dignidade de todos”, passa a olhar para cada pessoa como sendo “da mesma raça, da raça dos filhos de Deus”, realça o prelado.

Segundo o responsável católico, a fé não pode ser plenamente vivida sem a dimensão da “caridade”, porque o “amor a Deus” implica também todo um processo de “proximidade”, de “com-paixão para com o próximo, as suas alegrias, anseios e tristezas”.

“À margem de Deus é obviamente possível a educação, a simpatia, a pena, a comiseração, a dádiva material”, admite D. Pio Alves, ressalvando no entanto que “estes gestos, desligados do seu primordial fundamento, não podem ter a estabilidade e profundidade que só a união em Deus lhes confere”.

O tempo quaresmal deve ser um tempo privilegiado para a prática da caridade mas o prelado alerta para a tentação de “reduzir a caridade ao gesto impessoal da esmola” como se tratasse do pagamento de uma “fatura” apenas para “alívio da consciência”.

“A funcionalização da caridade seria a negação da fé como relação pessoal; seria o esvaziamento do núcleo central do cristianismo, com a agravante de manter apenas a sua aparência”, sustentou.

O também presidente Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais refletiu também sobre a necessidade do processo de construção da fé contar com “mediadores” de “confiança” e portadores de “qualidade humana em todas as suas dimensões”.

“Num verdadeiro processo de fé, não se acredita no que alguém diz ou transmite se não se acredita na pessoa”, completou D. Pio Alves.

JCP

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