Quando não há Natal

Paulo Rocha, Agência ECCLESIA

Em Alepo não há Natal. Em Alepo, Mossul, Ancara, Berlim, Nice, Paris, Bruxelas, Afeganistão, Sudão do Sul e em muitos mais locais ou países, infelizmente…

Na geografia da guerra não há Natal. Sobretudo nos conflitos que servem de berço a mais de 500 milhões de crianças porque nascem e crescem entre bombardeiros ou no meio dos escombros que provocam. A maioria, quase 400 milhões, na região da África Subsariana. Lembra a UNICEF que uma em cada quatro crianças depara-se todos os dias com os horrores de guerras e catástrofes.

No meio da fome não há Natal. Um drama que se não atinge um bilião de pessoas, pouco falta, e que contraria a proposta de relacionamento entre os humanos inaugurada há dois mil anos e o respeito por todos os recursos naturais e pela sua distribuição fraternal entre todos os seres.

Na mobilidade forçada de homens e mulheres não há Natal. A tragédia é vivida por 65 milhões de pessoas que recria fugas de outros tempos e acentua a ausência de direitos fundamentais para um número crescente de cidadãos do mundo. A organização das Nações Unidas para os Refugiados estima que 24 pessoas por minutos são obrigadas a abandonar terras de origem por causa de conflitos armados ou esgotamento dos recursos.

Na escravidão, no racismo, na corrupção, na opressão… não há Natal!

Também não há Natal na especulação financeira, no jogo das bolsas ou nas pressões de qualquer rating. Ou em projetos pessoais ou empresariais que pretendem impessoalmente conquistar a qualidade de vida através de índices de riqueza, metas para o défice, juros sobre valores de outros, fuga aos impostos ou normas forçadas por centros de decisão desconhecidos.

É, no entanto, porque há não há Natal que é Natal! Ontem, hoje e sempre, até que a humanidade inaugurada em Belém e revelada no Calvário preencha o quotidiano de mulheres e homens de cada tempo e o relacionamento entre povos e nações, onde o encanto do Presépio se conquista pela energia transformadora da Cruz. Como já acontece com abundância em muitos ambientes, de forma muito expressiva nestes dias! Porque é Natal!

Paulo Rocha

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