Publicações: Thereza Ameal assina «Os meus irmãos refugiados», uma história atual destinada a crianças e adultos

Livro é apresentado neste Dia Mundial do Refugiado, no Centro de Acolhimento Temporário, em Lisboa

Lisboa, 20 jun 2018 (Ecclesia) – O novo livro infantil da escritora Thereza Ameal, que vai ser apresentado hoje em Lisboa, conta o drama dos refugiados às crianças, com a ajuda de ilustrações de Pedro Rocha e Mello, que foi voluntário em Atenas.

“Gostaria muito que este livro ajudasse as pessoas a abrir o coração a este outro e que é diferente só por fora. É um ser humano como nós, com medo, com traumas, que sofre com a separação do seu país ou família como sofreríamos”, explica a autora, em declarações à Agência ECCLESIA.

Thereza Ameal dirige-se também aos pais que podem “temer falar” sobre os refugiados às crianças, um tema algo “triste e pesado”, mas assegura que “toda a história” tem “muita esperança, alegria, solidariedade” e as ilustrações “ajudam imenso”.

Resumidamente, o livro ‘Os meus irmãos refugiados – Amigos do outro lado do mundo’ tem como personagens principais Miriam e a família, uma menina que teve de fugir do seu país em guerra, e de Pip, um menino ocidental que com a mãe vão acolher uma família de refugiados em casa.

A autora contextualiza que a motivação foram as histórias reais relatadas e vividas na Grécia pelo filho João Maria Ameal e pela nora, em campos de refugiados em Lesbos, e do sobrinho Pedro Rocha e Mello que esteve num centro de acolhimento em Antenas.

“Infelizmente, a maior parte eram terríveis que tornaram tudo muito mais pessoal e próximo. A personagem principal baseia-se numa foto de uma menina amorosa com uns grandes olhos e grande sorriso que o meu sobrinho me mandou”, explica.

Thereza Ameal recorda ainda que outra história que a “tocou imensíssimo” foram os desenhos de crianças e “era brutal a diferença” com as crianças portuguesas do ensino básico, “que fazem desenho de uma casa, árvore, céu azul e sol sorridente”, as crianças refugiadas pintavam “a encarnado, com casas cheias de fogo a sair das janelas, explosões”.

«As crianças refugiadas são as vítimas mais vulneráveis das guerras e perseguições dos nossos tempos»

António Guterres

O ilustrador Pedro Rocha e Mello, sobrinho da autora, foi voluntário em Atenas pela PAR – Plataforma de Apoio aos Refugiados, em 2016, num centro de acolhimento da JRS onde estavam cerca de 150 famílias.

“Tentei da experiência que tive e das pessoas refugiadas com quem me fui cruzando de vários países, etnias, ser o mais transparente e amplo nas ilustrações para não parecer que estava a falar de um caso concreto. Existem refugiados em todo o mundo”, referiu.

O entrevistado revela que antes de partir ponderou bastante – pensava: “porquê eu se há pessoas que serão melhores a ajudar, ou que diferença posso fazer” – mas viu as imagens de uma criança cheia de cinzas e sangue numa ambulância e alguma coisa “fez despoletar vontade de ir para a Grécia”.

“Era um absurdo cruzar os braços a uma situação que todos, como europeus, devemos olhar com a máxima atenção e dedicação”, acrescentou.

Atualmente, o ilustrador frequenta aulas de árabe na Mesquita Central de Lisboa e explica que numa fase final da missão, e de “relações humanas mais próximas”, os refugiados queriam partilhar a sua história e o seu drama, mas “a língua é enorme barreira”.

“Quem sabe mais tarde conseguir desenvolver suficientemente para estabelecer contacto com estes meus amigos que não vejo há muito tempo”, adiantou Pedro Rocha e Mello, que no futuro também vai estar ao dispor de missões em que possa ser útil “ter alguém que fale árabe”.

O livro tem uma introdução do atual secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, e prefácio da autoria do presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, que “chama atenção para importância” do tema e para Thereza Ameal é uma “enorme honra”.

“Não é qualquer livro para crianças, por muito bom que seja, que tem estas palavra. Tenho-as por estarmos a falar dos refugiados, de um tema tão sério”, analisa a escritora, para quem o que escreveram “não podia ser melhor” e as mensagens são “muito simples mas muito claras”.

O livro é dedicado ao Papa Francisco que também faz parte da história a incentivar ao acolhimento de refugiados

Para a autora “é difícil destacar alguma coisa” das palavras e ações do pontífice que, na sua opinião, tem sido a pessoa, “mais do que todas, que tem alertado, constantemente”, para o problema dos refugiados, “nunca se deixou calar e esquecer este assunto”.

«Portugal é um país aberto aos outros. É importante que as nossas crianças saibam disso, para que possam perpetuar essa herança, construindo o futuro com base nos valores que sempre defendemos»

Marcelo Rebelo de Sousa

A nova publicação vai ser apresentada neste Dia Mundial dos Refugiados,  às 10h30, no Centro de Acolhimento Temporário de Refugiados da Câmara Municipal de Lisboa, numa iniciativa conjunta da Paulus Editora, do JRS- Serviço Jesuíta aos Refugiados e do município lisboeta.

Com 32 páginas, ‘Os meus irmãos refugiados – Amigos do outro lado do mundo’, tem um custo de 9,50 € e as receitas das vendas revertem para o JRS.

CB/OC

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Agência ECCLESIA

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