Francisco publica esta quarta-feira a «Laudate Deum», novo documento dedicado à ecologia integral
Leiria, 03 out 2023 (Ecclesia) – Os professores Juan Ambrósio (UCP) e Rogério Roque Amaro (jubilado/ISCTE), ligados à Rede Cuidar da Casa Comum e ao Desenvolvimento Comunitário, partilham o que esperam da nova exortação do Papa que desenvolve a temática da ecologia integral.
“Podemos imaginar daquilo que tem sido o Papa que é uma atualização do seu olhar atento sobre o mundo, sobre aquilo que têm sido as poucas e insuficientes conquistas em relação a esta questão”, disse o professor Rogério Roque Amaro, à Agência ECCLESIA.
O professor jubilado do ISCTE, ligado ao desenvolvimento comunitário, acrescenta que a “preocupação” do Papa Francisco “agora, com certeza é acrescida, em relação ao agravamento dos problemas ambientais e sociais das desigualdades, porque liga uma coisa à outra”.
“O Papa desse ponto de vista tem-nos sempre surpreendido, mas imagino que seja em coerência com uma continuação, um aprofundamento, uma atualização da leitura e uma visão ainda mais integrada no sentido que para um cristão o que depois integra tudo isto é a relação com Deus enquanto criador e elemento que enquadra e serve de referência para esta ecologia integral”, desenvolveu o economista de formação.
Esta quarta-feira, 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis e encerramento da iniciativa ecuménica ‘Tempo da Criação’ 2023, o Papa Francisco vai publicar a exortação ‘Laudate Deum’ (Louvai a Deus), que desenvolve os temas da ecologia integral da encíclica ‘Laudato Si’ de 2015.
“De um modo global, este texto vem-nos propor e sugerir que o louvor a Deus, que o louvor de Deus se concretiza no cuidado da casa comum e no cuidado do humano comum”, assinala Juan Ambrósio, vice-presidente da Associação R3C – Rede Cuida da Casa Comum.
Para o professor da Universidade Católica, “não se pode deixar de ter em conta a ‘Fratelli Tutti’” (Todos Irmãos), apesar da nova exortação ser um texto publicado na continuidade da ‘Laudato Si’, “não se pode ler sem incorporar também toda a reflexão” da encíclica dedicada à “fraternidade e amizade social”, publicada em 2020.
“Dizendo uma coisa neste género: o cuidado da casa comum e o cuidado do humano comum são, talvez, neste momento, a maneira mais concreta, a maneira mais objetivo, necessária, mais urgente, de mostrarmos, de testemunharmos, de concretizarmos o nosso louvor a Deus, o nosso louvor de Deus, e tem de ser algo a ser incorporado nas dinâmicas, nas práticas cristãs”, desenvolveu à Agência ECCLESIA, no final do Encontro ‘Também somos Terra’ da R3C, realizado no sábado, em Leiria.
Segundo Francisco, a nova exortação é uma “revisão do que aconteceu desde a COP21, a cimeira do clima de Paris em 2015, talvez a mais frutífera”.
Juan Ambrósio recorda que a encíclica foi “muito atenta ao que a própria investigação científica ia fazendo”, por isso, “recuperar” o que foi acontecendo desde 2015 “é importante”, ver como não existiram alterações significativas “ou se alteraram quer dizer que os sinais ainda são mais preocupantes”.
“As pessoas já começam a estar despertas mas verdadeiramente ainda não começaram a mudar significativamente as suas atitudes, os seus modos de vida. Verdadeiramente isto tb custou a ser incorporado nas comunidades cristãs como critério também para aferir a identidade e a fidelidade cristãs”, acrescentou.
Rogério Roque Amaro afirma que o texto da ‘Laudato Si’ “é fantástico” porque teve o feito de dar a perceber que “este Papa é atento ao que se passa no mundo”, àquilo que são os desafios e a “uma visão integrada desses problemas”, porque na encíclica refere “não questões ambientais mas, por exemplo, da ecologia cultural, de uma ecologia política”, “de uma nova economia, ele acaba por ter uma visão integrada da ecologia”.
CB/OC