Publicações: «Recordações Pessoais» do Marie-Joseph Lagrange é a obra mais recente da «Biblioteca Dominicana»

Sacerdote francês foi precursor na análise da Bíblia de forma «crítica e cientifica»

Lisboa, 24 jan 2017 (Ecclesia) – A Ordem dos Pregadores (Dominicanos) em Portugal lançou a obra ‘Recordações Pessoais’ do religioso francês Marie-Joseph Lagrange, que identificou a necessidade de ler a Bíblia de forma “critica e cientifica” e fundou a Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém.

“[Marie-Joseph Lagrange] compreendeu com avanço, em relação ao comum das pessoas e das instituições, que era necessário abordar a Bíblia de uma maneira critica e cientifica e isso só traria vantagens para a fé dos cristãos”, disse frei Miguel dos Santos, que apresentou a nova publicação.

À Agência ECCLESIA, o frade dominicano explicou que “por tradição destes últimos séculos infelizmente” a leitura da Bíblia na Igreja Católica “não estava muito divulgada” e havia uma “ligação demasiado grande à interpretação bíblica dos padres da Igreja, dos teólogos da idade média” que não tinham os instrumentos que existiam na época do padre Lagrange.

A apresentação de ‘Recordações Pessoais’ foi integrada no programa da clausura do Ano Jubilar da Ordem dos Pregadores, no Convento de São Domingos, em Lisboa.

Na sua época, o padre dominicano Marie-Joseph Lagrange considerou que “a melhor forma de enfrentar os ataques” do racionalismo alemão, que era “demolidor para a Bíblia”, era usar os meios das “ciências históricas, instrumentos de análise de história, crítica textual”.

Frei Miguel dos Santos recorda que o confrade “sofreu perseguições, foi mal-entendido”, foi vitima de suspeitasm mas “aceitou com muita paciência” e muita fidelidade à intuição inicial.

Nas ‘recordações pessoais’ de Marie-Joseph Lagrange não falta a referência à Escola Bíblica e Arqueológica francesa de Jerusalém que fundou há mais de 125 anos e “é o grande fruto palpável” do seu trabalho.

Para além do mais antigo centro de investigação bíblica na Terra Santa, o dominicano deixou também como legado “uma autêntica biblioteca de livros”, fez comentários a cada um dos Evangelhos e trabalhos sobre o Antigo Testamento.

O padre Marie-Joseph Lagrange nasceu a 7 de março de 1855, em Bourg-en-Bresse, no centro de França; recebeu o hábito de frade pregador a 6 de outubro de 1879, dois anos depois de ter entrado para a Ordem Dominicana.

Morreu a 10 de março de 1938 e em 1988 foi aberto o seu processo de beatificação.

A nova publicação ‘Recordações pessoais’ do padre Marie-Joseph Lagrange tem a chancela da editora ‘Tenacitas’ e faz parte da ‘Biblioteca Dominicana’.

O editor João Azevedo Mendes contextualiza que esta é uma coleção concebida pelos padres dominicanos portugueses, com o objetivo de publicar textos “fundamentais” ao longo da história” da ordem religiosa.

A Ordem dos Pregadores encerrou este sábado o seu ano jubilar, que celebrou 800 anos de história.

PR/CB/OC

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Agência ECCLESIA

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