Obra de Luis Salgado de Matos apresentada em Lisboa
Lisboa, 09 mar 2018 (Ecclesia) – O investigador Luís Salgado de Matos defende no seu novo livro que o cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira era “completamente independente” de Oliveira Salazar.
A obra «Cardeal Cerejeira» foi lançada esta quinta-feira, em Lisboa.
O autor disse à Agência ECCLESIA que o patriarca de Lisboa na época do Estado Novo (1926-1974), apesar de amigo de Salazar, era “completamente independente” e tinha a sua própria personalidade”.
A obra com prefácio de D. Manuel Clemente foi lançada no Museu de São Roque (Lisboa), com a chancela da Gradiva, e “pretende provocar debate”, referiu Luís Salgado de Matos.
A obra, com cerca de duzentas páginas, tem “duas narrativas” complementares.
Uma narrativa “literal” e outra com “fotografias da vida pública do cardeal Cerejeira” acompanhadas “com legendas esclarecedoras e explicativas”, afirmou o investigador.
Para D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, a obra é “original” porque a perspetiva que o autor tem sobre o cardeal Cerejeira “é muito própria e muito inovadora”, realçou à Agência ECCLESIA.
Em relação à figura do cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977) existem “muitas leituras ligadas à Igreja ou políticas”, mas Luís Salgado de Matos tem “aberto outra perspetiva mais englobante”, referiu D. Manuel Clemente.
“É estimulante porque ele tem uma perspetiva nova de apresentar o cardeal Cerejeira”, sublinha.
Apresentar o cardeal Cerejeira como alguém que “agia e tinha um programa próprio para a Igreja em Portugal, e que no plano político conservou sempre a independência da Igreja acima de qualquer outra preocupação” é objetivo da obra do investigador Luís Salgado de Matos.
Para o autor, em “muitos casos” a amizade com Oliveira Salazar “obedece ao propósito político de menorizar o cardeal Cerejeira”.
“Há um fundo galicano e antirreligioso na elite dirigente portuguesa que muitas vezes se manifesta dessa maneira”, reforça.
LFS