Amadeu Araújo e Manuel Vilas Boas lançaram obra «Moçambique. Da colonização à guerra colonial. A intervenção da Igreja Católica»
Lisboa, 01 fev 2024 (Ecclesia) – O jornalista Manuel Vilas Boas considera que D. Manuel Vieira Pinto, arcebispo de Nampula (Moçambique) entre 1967 e 1998, foi “um profeta da sinodalidade” que se vive, atualmente, com o Papa Francisco.
“O Papa Francisco, se for ler alguns discursos de Vieira Pinto encontra muito de perto com a linguagem e, sobretudo, com a novidade que ele, todos os dias, traz à Igreja Católica, um profeta da sinodalidade”, disse à ECCLESIA o jornalista Manuel Vilas Boas.
Amadeu Araújo e Manuel Vilas Boas escreveram a obra ‘Moçambique. Da colonização à guerra colonial. A intervenção da Igreja Católica’, editada pela Paulinas Editora.
O livro contempla três bispos “humanistas” que estiveram na “vanguarda da evangelização”: D. António Barroso, D. Manuel Vieira Pinto, “o mais audaz deles todos”, e D. Sebastião Soares de Resende.
Na obra, o leitor acompanha a presença da Igreja Católica em Moçambique no período da colonização até à Guerra Colonial.
Neste período “importante” da história da Igreja e da sua presença neste território ultramarino, Manuel Vilas Boas realça que são “500 anos de presença, conquista, diálogo entre culturas e entre religiões”.
Com um arco temporal significativo, o coautor da obra sublinha que “a Igreja transportou-se na pátria”.
“A Igreja serviu a pátria durante o tempo em que se meteu dentro deste país chamado Portugal, vestiu a pele da monarquia, vestiu, depois, com alguma dificuldade no vestir da república e chegou, a olhar nestes dias, para 500 anos, para muitas aventuras, para alguns desaires e também algum otimismo apesar de tudo”, disse o jornalista no Programa ECCLESIA emitido hoje, na RTP2.
Depois do secular Concílio de Trento (1545-1563), que transportava uma Igreja “muito conservadora e às vezes reacionária”, realizou-se o II Concílio do Vaticano que teve ao leme o Papa João XXIII, “homem carismático”, contou.
Este homem veio estabelecer uma “certa explosão da própria Igreja Católica” porque “ela precisava de repensar o seu percurso”.
Enquanto Portugal estava “um pouco afastado e com passos lentos nas novidades do Vaticano II”, nos territórios da missão a caminhada “sincronizou-se” com o grande acontecimento eclesial do século XX.
“A própria dinâmica das populações, depois de receber o cristianismo, depois de receber as primeiras águas de batismos, a verdade é que tornou-se dinâmica, tornou-se expressiva, tornou-se quase que moderna, frente à sua mãe que não tinha tantos preparos para o avançar dos caminhos”.
O livro contempla “pelo menos três figuras de humanistas, bispos humanistas, que estiveram de facto na frente da grande vanguarda da evangelização”, sublinhou Manuel Vilas Boas.
Para o jornalista, D. Manuel Vieira Pinto foi “a grande estrela” que brilhou na Igreja Portuguesa naquele tempo.
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