Publicações: Médico psiquiatra quer ajudar «a avaliar» a utilização das redes sociais no livro «(Quase) Sempre Online»

Pedro Afonso salienta que «pais, professores, e educadores têm um papel essencial» de formação e observar os comportamentos

Lisboa, 18 nov 2025 (Ecclesia) – Pedro Afonso escreveu o livro ‘(Quase) Sempre Online’ para ajudar a refletir e a “avaliar” a “utilização das redes sociais” e da internet, e alerta para os seus efeitos nos jovens, por isso é também “um guia para pais”.

“Um dos fatores que me levou a escrever este livro foi um estudo da Pew Research que constatou que nos últimos 10 anos duplicaram o número de casos de jovens online, cerca de 50% dos jovens norte-americanos passam mais do que 7 horas online. O livro é uma reflexão sobre isso, que ajuda um bocadinho a avaliar como devemos utilizar as redes sociais, o tempo online”, disse o autor, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Pedro Afonso salienta que as redes sociais “não são boas nem más”, depende da forma como são utilizadas, o conteúdo que se vê, “e também as fragilidades individuais da pessoa que está a aceder”, por isso, o livro ‘(Quase) Sempre Online – Como a imersão online nos deixou mais sós, ansiosos, deprimidos e desligados do mundo real’ “ajuda um bocadinho a fazer essa reflexão e um guia também para pais”.

Para o médico psiquiatra a dificuldade “é o equilíbrio” e salienta que isso é também um processo de aprendizagem que “tem que ter ensinado nas escolas, em casa, na família”, e os próprios educadores devem ter essa formação.

“Verificou-se que as redes sociais podem potenciar determinados comportamentos, nomeadamente comportamentos parasuicidários, comportamentos autolesivos, por exemplo, o número de casos de anorexias nervosas. Por esse motivo tem o efeito potenciador de doença mental, tanto que a permanência de mais de três horas, há estudos que o indicam online, em redes sociais, duplica a probabilidade de os jovens virem a ter ansiedade, depressão, e comportamentos fragilizantes”, desenvolveu Pedro Afonso.

O médico psiquiatra explica que os adolescentes e jovens estão “mais exposto pela fragilidade”, inclusive por não terem o sistema nervoso central totalmente definido e construído, o córtex pré-frontal, por exemplo, “ainda está imaturo em alguns casos” e há dificuldade em “controlar os impulsos e a probabilidade de serem sugestionados”.

“O uso intensivo das redes sociais provoca uma desconfiguração, há estudos que indicam, do sistema dopaminérgico, que está associado ao prazer, à vontade e ao desejo. Isso significa que o uso intensivo das redes sociais faz com que haja uma dependência, e um aumento da ligação entre o estar online, e o menor prazer estar offline”, explicou o professor universitário, no Programa ECCLESIA, transmitido esta terça-feira na RTP2.

Os pais e os educadores, segundo o especialista, têm, “em primeiro lugar”, de obter informação e espera que o livro ‘(Quase) Sempre Online – Como a imersão online nos deixou mais sós, ansiosos, deprimidos e desligados do mundo real’, da Editora ‘Princípia’, ajude porque foi escrito “com a preocupação de ter informação científica rigorosa”, assente em estudos, “e ajudar os filhos a saberem usar as redes sociais de forma regrada”, e evitar perigos decorrentes.

“Os pais, os professores, e os educadores têm aqui um papel essencial, e também estarem atentos para alterações do comportamento dos filhos, por exemplo, estar muito tempo fechados no quarto, isolados, não comunicarem com os irmãos ou com a família, são sinais de alarmes que os pais devem estar atentos”, acrescentou o autor, que no livro aborda o tema do cyberbullying, “o consumo de pornografia em idades inapropriada”.

O médico psiquiatra Pedro Afonso identificou também consequências a nível pessoal e sociais, como nas crianças na aprendizagem da linguagem, “nas competências sociais, na sensibilização, na empatia, no aumento de risco de doenças psiquiátricas”, para além das doenças físicas, como perturbações do sono, problemas osteoarticulares.

LS/CB/OC

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