«Os valores que são verdadeiramente importantes, aqueles que são mais valiosos, não cabem num bolso, estão no coração”, afirma o autor, professor de EMRC
Porto, 17 jan 2024 (Ecclesia) – Paulo Costa, professor de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), publicou um livro com o título “Uma espécie de bolsa de valores”, que reúne 50 contos, refletindo cada história um valor.
“As coisas mais importantes não cabem numa bolsa, não cabem num bolso. É verdade que muita gente diviniza o dinheiro, a economia, de facto, tem muita importância, a bolsa de valores, estamos sempre a falar nelas, mas eu acredito que os valores que são verdadeiramente importantes, aqueles que são mais valiosos, não cabem num bolso, estão no coração”, afirmou o docente do Colégio de Lamas, em Santa Maria da Feira, há 26 anos, numa entrevista à Agência ECCLESIA.
O entrevistado explica que o 16º livro que lançou nasceu da necessidade de criar materiais e instrumentos de trabalho para propor aos alunos a reflexão sobre temáticas “tão importantes” na atualidade.
“Eu não escrevi nenhum livro cuja intenção fosse escrever um livro. Eles nascem sempre fruto de uma coleção grande de materiais que eu vou criando para serem utilizados nas aulas ou em atividades relacionadas com a disciplina de Moral”, adianta.
O professor refere o facto de Jesus Cristo usar “as parábolas” como “meio extraordinário de fazer passar a mensagem” e de este ser um “bom método” para falar de “coisas importantes às crianças”.
“A expressão ‘era uma vez’ ainda nos deixa assim, a mergulhar no mundo da fantasia, da imaginação, desperta a curiosidade, prende a atenção, e eu acho que continua a ser um método fantástico. Eu não estou a substituir de maneira nenhuma os livros, os manuais da disciplina de moral, não estou a substituir o evangelho, só faltava. O que eu estou é a arranjar outras estratégias para chamar a atenção para esses valores”, salienta.
Paulo Costa revela que o modo como escreve procura ser uma forma atual de falar “de valores que são eternos, que são de sempre, que não perdem a atualidade”.
“Falamos de uma época que parece que está em crise em termos de valores, ou são os valores que estão em crise. Estamos nesta discussão em que parece que tudo é subjetivo”, aponta o autor, que considera que mais do que dizer que “isto está certo ou está errado”, importa propor a reflexão.
“Quando eu proponho aos adolescentes, aos jovens, às crianças, falar destas coisas, nunca é na intenção de fazer uma lavagem do cérebro, de formatar, é mesmo espicaçar a reflexão. Uma aula de Moral cria ou tem espaço de serenidade para que possamos debater ideias e sermos transparentes, desabafarmos aquilo que sentimos e pensamos”, destaca.
Paulo Costa assinala a importância de “ter sentido crítico”, num tempo em que tudo o que está na internet “é a verdade”, e admite que é isso que proporcionam os textos que produz.
Questionado se os livros são depois utilizados nas aulas, o professor responde que teatro, banda desenhada e vídeos são alguns dos frutos dos textos que escreve.
“Tudo isto são pontos de partida, tudo isto é aproveitar os vários recursos que há, em termos de multimédia, o que quer que seja, para aprofundar, para debater, para falarmos destes assuntos que são tão pertinentes e importantes”, realça.
“Na verdade, sublinho vezes sem conta que as coisas que são verdadeiramente importantes não são coisas, são valores, são sentimentos, são emoções, são as nossas convicções mais profundas”, insiste.
A obra, da editora Salesianos, foi lançada em outubro de 2023, e propõe com as 50 histórias inspirar o leitor a refletir sobre os princípios éticos da sociedade contemporânea.
Este é o mais recente livro do professor de EMRC, somando assim 16 livros que são depois usados em contextos educativos escolares e catequéticos.
A entrevista que tem Paulo Costa como convidado é hoje transmitida no Programa ECCLESIA, na RTP2.
PR/LJ
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