«Nunca um Papa se agigantou escrevendo sobre estas narrativas evangélicas», realça padre Armindo Vaz
Lisboa, 18 dez 2012 (Ecclesia) – O padre Armindo Vaz, professor de Bíblia na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, considera que o novo livro de Bento XVI, ‘Infância de Jesus’, é uma obra essencial.
“É daqui em diante um livro de referência para meditar os relatos da infância de Jesus, não só pela eminência do autor – nunca um Papa se agigantou escrevendo sobre estas narrativas evangélicas! – mas também pela profundidade do conteúdo antropológico e espiritual de muitas páginas”, sublinha em texto publicado na edição de hoje do Semanário Agência ECCLESIA.
Diante dos critérios que a Igreja Católica exige para a interpretação dos textos bíblicos – saber o que queriam dizer no contexto histórico, cultural, literário e religioso em que foram redigidos e, depois, discernir o seu alcance atual – Bento XVI “distingue-se no segundo” ao apresentar “meditações elevadas” que “falam vivamente”.
Após notar que, “como é seu apanágio, o Papa escreve com elegância e lê-se com agrado”, o presidente da Associação Bíblica Portuguesa refere que Bento XVI demarca-se “expressamente” de destacados “representantes da exegese moderna” ao “considerar histórico o que essa exegese não consideraria tal”.
“O mais nítido distanciamento manifesta-o sobre o local do nascimento de Jesus. Segundo a exegese, a ‘afirmação de que Jesus nasceu em Belém seria teológica e não histórica: na realidade, Jesus teria nascido em Nazaré’. Para o Papa,’se nos ativermos às fontes, fica claro que Jesus nasceu em Belém’”, explica o religioso carmelita.
O artigo cita as palavras de Bento XVI quando frisa que “nenhuma representação do presépio prescindirá do boi e do jumento” e lembra que quanto ao local de nascimento de Jesus “a tradição da gruta (igualmente ausente dos evangelhos canónicos) aparece no Protoevangelho de Tiago, início do séc. III, e noutros apócrifos”.
A nova obra do Papa teve uma tiragem inicial de mais de um milhão de exemplares em oito línguas (italiano, francês, inglês, espanhol, alemão, português [europeu e do Brasil], croata, polaco).
RJM/OC