Visita a Roma, na Páscoa de 2015, deu origem a uma história que acabou no livro «Querido Papa Francisco»
Lisboa, 21 abr 2016 (Ecclesia) – Miguel e Catarina levaram os filhos a Roma na Páscoa de 2015 e a experiência de ver o Papa marcou o pequeno João, de 10 anos, que aceitou prontamente quando o desafiaram a escrever uma carta a Francisco.
A ideia chegou através dos jesuítas portugueses, que se uniam aos membros da Companhia de Jesus em vários países para um projeto especial: fazer chegar ao Papa cartas com perguntas e desenhos feitos por crianças dos cinco continentes.
Uma iniciativa que mereceu a resposta positiva do pontífice argentino, que respondeu a 30 questões selecionadas, dando origem à publicação do 'Querido Papa Francisco', apresentada hoje em Lisboa.
‘O que sente quando olha para as crianças à sua volta?’, foi a pergunta de João, acompanhada por um desenho com Francisco a conduzir o papamóvel – uma tarefa na qual teve a ajuda das duas irmãs.
“Não devo ser eu a guiar, como tu desenhaste”, graceja o Papa antes de responder que “ver uma criança é ver o futuro”.
“Cada criança é uma esperança para o futuro da nossa humanidade”, insiste.
Na apresentação da obra, que decorreu no auditório do Colégio de São João de Brito, João recordou a “emoção” de trocar correspondência com o Papa, depois de o ter visto na Praça de São Pedro.
A rede coordenada por padres jesuítas reuniu cerca de 260 cartas; destas, foram escolhidas missivas de crianças de 26 países e de todos os continentes, escritas em 14 línguas – incluindo o português.
Nalguns casos, foi preciso enviar lápis de cor para crianças que estavam em campos de refugiados, vindas, por exemplo, da Síria.
William, menino norte-americano de sete anos, perguntou ao Papa: ‘Se tu conseguisses fazer um milagre, qual farias?’.
“Eu curaria todas as crianças. Ainda não consegui entender porque é que as crianças sofrem. Para mim é um mistério”, confessa Francisco.
As cartas, remetidas por crianças com idades entre os 6 e os 13 anos, pedem ajuda ao Papa, conselhos, respostas às suas dúvidas e explicações sobre o sentido da fé, da vida e até da morte.
O padre Antonio Spadaro, coordenador da obra, disse à Agência ECCLESIA que Francisco acolheu “muito bem” a proposta e respondeu com “simplicidade” às perguntas “sinceras” das crianças, que muitos adultos “esquecem”.
O livro é “muito profundo”, acrescentou, e não se destina apenas aos mais pequenos, mas para “toda a família”.
“O Papa ficou muito impressionado com os desenhos”, revelou à assembleia.
OC