Editorial afirma objetivo de «dialogar num contexto plural e secularizado»
Lisboa, 23 fev 2017 (Ecclesia) – A Companhia de Jesus (Jesuítas) em Portugal acaba de renovar a publicação da sua revista cultural católica ‘Brotéria’, que em 2017 surge com mudanças de imagem e temática.
“Parece-nos importante neste nosso primeiro editorial reafirmar a identidade da revista, recordar a herança cultural que ela representa e reformular a sua missão de serviço à sociedade e à Igreja em Portugal, no contexto das prioridades apostólicas dos jesuítas portugueses”, explica o padre António Júlio Trigueiros no início do editorial.
Num comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, os Jesuítas informam que a ‘Brotéria’, a celebrar o seu 115.º aniversário, surge com uma capa renovada, com uma nova gestão de temas e secções e com “uma renovada equipa de direção”.
No editorial é destacado o “caso único de longevidade” nas edições periódicas em Portugal, pelo que no “rico percurso centenário” de que a revista é herdeira seencontram “todas as grandes questões culturais, cientificas, sociais e políticas”.
Na nova gestão temática propõe a partir deste ano cinco secções e um caderno cultural: Atualidade; Sociedade e Política; Religião; História, Filosofia, Ciência e Ética e a última secção Artes e Letras.
O padre António Júlio Trigueiros contextualiza que o novo caderno cultural mensal é um espaço renovado, “a partir da antiga secção de recensões”, que propõe recomendar mensalmente “escritores, filmes, exposições, eventos musicais e livros”.
‘Gratidão e homenagem’ é um tributo à memória de Daniel Serrão, especialista no campo da ética e da bioética, e que foi membro do conselho de redação da ‘Brotéria’ de 1994 e 2014, do padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, que dirigiu a revista nos últimos oito anos.
Na primeira secção, Guilherme Oliveira Martins e Manuel Braga da Cruz escrevem respetivamente sobre ‘A eleição de Donald Trump – uma surpresa inesperada’ e ‘Mário Soares e a Igreja Católica’.
Em ‘Religião’ dois Jesuítas, um professor de Ética e um canonista, escrevem os artigos ‘Ondas contra a Barca de Pedro’ e ‘O Papa e os cardeais: uma rebelião na Igreja?’, respetivamente Roque Cabral e António Ary.
Na secção ‘Artes e Letras’, por exemplo, Carlos Capucho recorda o desaparecido Boletim Cinematográfico que se publicou em Portugal entre 1951 e 1998.
O padre António Júlio Trigueiros explica ainda que os jesuítas portugueses “sentem” no momento presente o apelo de evangelizar num “contexto plural e crescentemente secularizado” em três dimensões essenciais assumidas pela Companhia universal: “O serviço da fé, a promoção da justiça e o diálogo com as culturas e religiões.”
Neste contexto, a ‘Brotéria’, e o Centro Cultural que os Jesuítas projetam constituir, é uma das obras por excelência “mais vocacionada para responder a este apelo”.
Segundo o editorial da edição de janeiro o desafio inscreve-se na “aproximação da proposta cristã” a um mundo marcado por divisões politicas, religiosas e éticas.
A ‘Brotéria’, cujo nome é uma homenagem ao naturalista português Félix de Avelar Brotero (1744-1829), foi fundada em 1902 como Revista de Ciências Naturais do Colégio de São Fiel, pelos padres jesuítas Joaquim da Silva Tavares, Carlos Zimmerman e Cândido Mendes.
O editorial observa que apesar de ‘Brotéria’’ parecer uma designação muito circunscrita “à primeira vocação da revista” o nome impôs-se “no mundo cultural e cientifico português” e é uma “referência incontornável” na missão da Companhia de Jesus “ao serviço da cultura e da ciência”.
CB