Irmã Ângela Coelho, coautora de livro «Viver na Luz de Deus», realça percurso de santidade da religiosa carmelita

Lisboa, 23 ago 2025 (Ecclesia) – A irmã Ângela Coelho, coautora do livro ‘Viver na Luz de Deus”, refere que a Irmã Lúcia viveu um “percurso” de santidade, inspirada pelo desejo de ver as pessoas e o mundo com o “olhar de Deus”.
“A santidade é voltar a recuperar o olhar inocente e puro da infância, não a infância cronológica, mas a infância espiritual. E um dos grandes sinais é tentar ver tudo como Deus vê, olhar as circunstâncias difíceis como Deus as olha”, refere à Agência ECCLESIA a vice-postuladora da causa de canonização da Irmã Lúcia.
O novo livro apresenta o ‘Itinerário espiritual de Lúcia de Jesus’, com passagens até agora inéditas do seu diário, com destaque para a vida no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, onde passou mais de 50 anos.
A irmã Ângela Coelho aborda a última visão de Fátima, que Lúcia vive em Tui, no ano de 1929.
“As duas últimas palavras de Fátima são graça e misericórdia”, recorda.
Desde muito cedo aprende, e nós aprendemos, que o definitivo é vermo-nos a nós mesmos em Deus e ver as realidades a partir de Deus. Isto é um caminho, é um percurso”.
O diário de Lúcia de Jesus, intitulado ‘O Meu Caminho’, foi escrito por ordem episcopal, na década de 40 do século XX, tendo entradas até 2004, um ano antes da morte da religiosa no Carmelo Santa Teresa.
Num olhar sobre estes anos, a irmã Ângela Coelho destaca que Lúcia “vai ter de aprender a perdoar”, diante de várias incompreensões e dificuldades, sendo alguém que “entende as pessoas, vê-as como Deus as vê”, com a “capacidade de ver no outro um irmão”.
A nova obra apresenta a relação com a Eucaristia como uma dimensão central da espiritual de Lúcia, que fala no desejo de ser um “sacrário vivo”.
“As horas que ela passa diante do sacrário vão-lhe dando esta noção de que já não quereria estar só diante de um sacrário onde está Jesus presente, exterior a ela, mas que esta graça se interiorizasse”, precisa a coautora.
O itinerário de qualquer cristão, num caminho de santidade, é sempre a tomada desta consciência de que sou habitado por alguém que me ama e que quer que eu entre em relação com ele.”
A vice-postuladora da causa de canonização da Irmã Lúcia destaca ainda a “extraordinária” relação da religiosa e vidente de Fátima com a Virgem Maria, como referência de “mulher totalmente entregue a Deus para o que Deus quiser”.
“Não é só modelo no caminho de santidade Maria é aquela para quem ela olha na sua entrega ao Senhor, sobretudo a partir da Anunciação”, precisa.
A quarta conversa do ciclo dedicado ao livro ‘Viver na Luz de Deus” aborda a chamada “Graça de 1979”, relatada pela vidente, que marca “uma mudança de etapa na vida da Lúcia”.
“Ela acaba, na linguagem de Santa Teresa de Ávila, a sua noite escura e começa a união transformante. uma síntese teológica da sua vida”, indica a irmã Ângela Coelho.
A coautora mostra-se muito impressionando com o relato feito pela Irmã Lúcia sobre esta experiência espiritual, “um texto lindíssimo, escrito sem uma única rasura”, no qual a religiosa “faz toda a leitura da sua vida, desde o nascimento até aquela hora, através do olhar de Maria”.
A entrevistada destaca ainda a dimensão eclesial da vida da Lúcia, “uma mulher que se entrega pela Igreja”.
O livro ‘Viver na Luz de Deus. Itinerário espiritual de Lúcia de Jesus’, escrito com o carmelita francês François-Marie Léthel, especialista na teologia da santidade, e lançado pelas Edições Carmelo, está no centro de um ciclo de conversas com a irmã Ângela Coelho, ao longo dos cinco domingos de agosto, no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública (06h00).
OC
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