«Síntese» histórica pretende «promover um maior conhecimento do trabalho desenvolvido»
Lisboa, 03 jul 2012 (Ecclesia) – A Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), que em 2012 assinala 50 anos, lança hoje o livro “A Igreja Face ao Fenómeno Migratório”, assinado por Maria Beatriz Rocha-Trindade e Eugénia Costa Quaresma.
A sessão, que decorre às 9h45 no Seminário de Nossa Senhora de Fátima, em Alfragide, perto de Lisboa, enquadra-se no programa do encontro que desde segunda-feira vai juntar no mesmo local dezenas de padres e leigos que acolhem a diáspora lusa e os imigrantes que chegam ao território nacional.
A obra, a que a Agência ECCLESIA teve acesso, não se assume como “uma narrativa exaustiva da história”, sendo antes uma “síntese” do nascimento e evolução da OCPM, “com vista a promover um maior conhecimento do trabalho desenvolvido”, explica o texto de apresentação.
O pensamento da Igreja em relação às migrações está documentado desde o 4.º Concílio de Latrão (1215), que decretou “normas referentes à assistência religiosa aos migrantes, ordenando-se aos Prelados que providenciassem para que houvesse elementos idóneos, conhecedores das suas línguas, usos e costumes”.
O Papa Pio X (1903-1914) ficou “conhecido como grande organizador da Obra Católica destinada aos emigrantes do Oriente, da América e da Europa, onde a Primeira Grande Guerra Mundial provocou significativos movimentos de população”, recorda o livro.
O volume elenca os bispos e secretários da Comissão Episcopal responsável pelo acompanhamento dos migrantes, desde a primeira, criada em 1967 e presidida por D. António dos Reis Rodrigues (1918-2009), que se manteve no cargo durante 14 anos.
As mais de 200 páginas incluem excertos de cada sacerdote que exerceu o cargo de diretor da OCPM, desde o primeiro, padre José Maria das Neves (1916-1980), ao atual, frei Francisco Sales Diniz.
A investigação, publicada pela editora Planeta da Escrita, recorda as missões, capelanias e outros tipos de presenças instituídas pela Igreja Católica com o objetivo de acompanhar os emigrantes portugueses na África do Sul, Rodésia, Bermudas, Canadá, EUA, Argentina, Brasil, Venezuela e Austrália.
Na Europa foram estabelecidos pontos de apoio em várias cidades da Alemanha, Espanha, França, Itália, Luxemburgo, Holanda, Reino Unido e Suíça, num total de mais de 30 missões.
A formação dos Secretariados de Migrações nas dioceses portuguesas e as dificuldades enfrentadas por estes departamentos são questões que integram o capítulo mais longo do livro.
Esta secção lembra os efeitos da descolonização, na sequência da revolução de 25 de abril de 1974, que fizeram afluir a Portugal “volumosos fluxos populacionais” em situação de “extrema penúria”, agravada pela dificuldade em obter meios de subsistência, já que “escasseavam os postos de trabalho”.
A resenha continua com as iniciativas da OCPM, desde o “Dia Católico do Emigrante” à “Semana Nacional de Migrações”, e prossegue com o registo dos boletins, jornais, revistas, cadernos e livros que editou, além da presença na rádio e televisão.
Os anexos compreendem o mapa dos emigrantes portugueses no início do século XXI, com a maior comunidade a residir em França, seguido de tabelas com a assistência religiosa à diáspora lusa, as taxas de evolução da imigração entre 1980 e 2010 e os cartazes referentes ao Dia Mundial do Migrante e à Semana Nacional das Migrações.
RJM