Publicações: De padre Jorge a Papa Francisco, um líder com rosto humano

Jornalista suíço recolheu testemunhos de quem acompanhou de perto o crescimento e a vida de Jorge Mario Bergoglio

Lisboa, 05 jul 2014 (Ecclesia) – O jornalista suíço de investigação Arnaud Bédat apresentou em Portugal a sua nova obra ‘Francisco – O argentino’, na qual o Papa é apresentado através das pessoas que o acompanharam mais de perto antes da eleição pontifícia, em março de 2013.

O autor revela à Agência ECCLESIA a convicção de que o Papa é “aquilo que mostra, não é um ator”, sem qualquer estratégia por detrás das suas palavras ou gestos.

“Estou totalmente convencido de que ele não é mediático, de todo, não gosta dos media”, refere.

O livro, lançado em Portugal com a chancela da «Guerra&Paz», centra-se em testemunhos da proximidade com Jorge Mario Bergoglio, o atual Papa, como os da sua irmã, do médico chinês Liu Ming ou Federico Wals, assessor de imprensa do cardeal na Argentina, o qual dá conta de um episódio invulgar, quando Francisco foi esperar um amigo ao aeroporto de Roma, às escondidas, brincando com a situação.

Esta aparência bem humorada e brincalhona, no entanto, esconde muitas vezes a sua figura de “verdadeiro líder”, capaz de tomar as decisões mais difíceis.

Bédat partiu para Buenos Aires um dia depois da eleição de Francisco, tendo voltado à capital argentina em agosto de 2013, para perceber porque é que “este Papa não é como os outros”, junto das pessoas que o conheciam.

“Ele não se tornou Papa Francisco por acaso, ele alimentou-se de encontros com muitas pessoas, com o homem do quiosque que lhe vendia o jornal todos os dias, o seu alfaiate, o ourives, a sua melhor amiga, Alicia Oliveira, as pessoas dos bairros de lata”, precisa.

Para o jornalista, o perfil de Bergoglio retratado pelos seus próximos é o de “um sedutor”, alguém por quem é fácil “apaixonar-se” assim que se conhece, algo que acontece hoje à escala mundial.

Apesar desta adesão do grande público à sua figura, o autor sustenta que Francisco começa a ter “grandes inimigos”, por causa da sua posição reformista e das críticas ao mundo financeiro.

“É um homem que não tem medo, convencido de estar protegido pela Virgem que desfaz os nós”, acrescenta.

O livro contém algumas fotos que foram oferecidas ao Papa, na Praça de São Pedro, pelo próprio Arnaud Bédat, que conversou com Francisco durante breves minutos para lhe dar conta do trabalho que tinha levado a cabo – e que lhe vai oferecer no próximo mês, de novo no Vaticano.

“A minha primeira reação foi pensar – ‘Meu Deus, é mesmo parecido com a sua irmã’. Não fiquei nada intimidado e entreguei-lhe as fotos. Foi muito comovente ver como ele acariciava os rostos, havia muita ternura no seu olhar”, relata.

Um dos testemunhos apresentados na obra adianta a hipótese de Francisco renunciar ao pontificado após alguns anos no Vaticano, posição partilhada por Arnaud Bédat.

“Estou convencido de que no momento em que sinta que já não tem forças, que fez o necessário, o essencial, que colocou a Igreja no bom caminho, ele abdicará, como Bento XVI, e creio que regressará à sua Argentina, a Buenos Aires, ao seu bairro de sempre, para acabar os seus dias”, conclui.

OC

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