A publicação missionária «Além-Mar» denuncia na sua edição de Dezembro a situação dos cristãos no Médio Oriente, vitimados pela guerra civil no Iraque e a continuação do conflito entre o Estado de Israel e os plestinianos. Ambas as situações, refere a revista Comboniana, estão a provocar “ma emigração em massa dos cristãos para o Ocidente e a questionar o futuro do Cristianismo na região”. “No Médio Oriente, a quase totalidade dos cristãos enfrenta uma situação económica adversa e não goza de liberdade religiosa na maioria dos países. Além destes factores, que estão a contribuir para a sua debandada em massa, domina o medo e a preocupação quanto a um futuro carregado de incertezas e incógnitas”, alerta. No passado os cristãos no Iraque somavam dois milhões, na sua maioria sírio-caldeus. Actualmente os cristãos naquele país estão reduzidos a pouco mais de 600 mil. Na Palestina, as comunidades cristãs têm vindo a diminuir nas últimas décadas por causa do conflito com Israel, declínio económico e baixas taxas de natalidade. De acordo com as estatísticas, deverá haver 90 mil cristãos num total de 3,76 milhões, o que representa cerca de 2,5% da população. As cidades de Belém e Nazaré outrora eram maioritariamente cristãs. Agora a presença cristã não vai além dos 10-15% da população. Na faixa de Gaza estima-se haver apenas 2 mil cristãos numa população de 1,3 milhões de habitantes. Os cristãos em Israel representam entre 2,1% e 2,8% numa população total de cerca de 6,8 mihões de habitantes. “Os cristãos são, portanto, uma minoria, que sofre discriminação e que se esforça arduamente para manter a sua identidade no meio de uma população muçulmana maioritária”, pode ler-se. Os cristãos coptas, descendentes dos antigos egípcios, no Egipto representam cerca de 7% numa população de 68,7 milhões de habitantes. Apesar da constituição do país, em princípio, assegurar a liberdade religiosa, contudo, a realidade é bem mais complexa, com os cristãos coptas preocupados com a crescente influência política dos «irmãos muçulmanos». Na Síria, a minoria cristã, que chegou a constituir 10% da população, está a baixar consideravelmente devido à emigração e baixas taxas de natalidade. Hoje em dia calcula-se que os cristãos sejam entre 970 mil e 1,7 milhões, representando entre 5,4% e 9,4% do total da população. Numa população de 65 milhões de habitantes, há no Irão cerca de 340 mil cristãos. Estima-se que entre 15 a 20 mil emigram todos os anos. A constituição do país reconhece a população cristã, garante liberdade de culto e atribui assentos parlamentares aos cristãos. Contudo, estes são tolerados como cidadãos de segunda classe, como uma minoria étnica distinta do resto da sociedade e sofrem discriminação no acesso ao emprego na função pública, onde os candidatos têm de ser muçulmanos. Na Jordânia, a população cristã desceu de 5% em 1970 para os actuais 3% numa população total de 18,1 milhões. Apesar de ser um Estado secular, a Turquia ainda recusa reconhecer oficialmente as Igrejas cristãs, que não podem possuir locais de culto. O fundamentalismo islâmico está a crescer e tem-se tornado violento. Daqui resulta, segundo ele, uma redução drástica do número de cristãos, que passou de vários milhões a 70 mil desde a queda do Império Otomano no final da I Guerra Mundial. A Além-Mar frisa que, num contexto difícil, os líderes religiosos, entre os quais se destacam o patriarca copto-ortodoxo Shenouda do Egipto, o patriarca latino Sabbah da Terra Santa e o patriarca maronita Nasrallah Pedro Sfeir do Líbano, têm desempenhado um papel muito importante no fortalecimento e encorajamento dos cristãos. O Vaticano tem animado os cristãos a permanecerem no Médio Oriente, ao mesmo tempo que mantém relações com o Islão de modo a evitar confrontos religiosos. Redacção/Além-Mar