O tradicional concerto de Natal, celebrado no Vaticano na noite do passado sábado, foi bruscamente interrompido por insultos contra a Igreja da cantora Lauryn Hill, que acusou o clero de corrupção, exploração e abuso. «Não represento nenhuma religião e não estou aqui para festejar o nascimento de Jesus, mas para perguntar-vos por que não estais de luto pela sua morte neste lugar», disse Hill do palco da Sala Paulo VI, diante de 7.500 espectadores, entre os quais se encontravam vários cardeais e bispos. A ex-vocalista dos Fugees leu a sua mensagem sem ter avisado com antecedência a organização do concerto. “Deus é testemunha da exploração e dos abusos”, referiu em relação ao clero, para depois apelar a hierarquia católica ao arrependimento. A Santa Sé, decerto habituada aos excessos dos artistas, não fez nenhum comentário sobre o sucedido. O arcebispo Rino Fisichella, reitor da Universidade Pontifícia de Latrão, em declarações à imprensa qualificou o gesto de «grave falta de educação». D. Luigi Moretti, da diocese de Roma, acrescentou: «não compreendi esta pessoa. Foi convidada para cantar em um clima natalício e contudo preferiu fazer um manifesto contra a Igreja. Lamento por ela, mas são coisas que acontecem». A imprensa italiana já adiantou que esta intervenção de Hill deverá ser cortada na transmissão televisiva do concerto, a 24 de Dezembro.