Protestantes estimulam católicos a aprofundar Bíblia

Décima Semana Bíblica de Gondomar reflecte sobre «A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja»

“Todos reconhecemos que nós, os católicos, levamos muitos anos de atraso em relação aos nossos irmãos protestantes, que nos estimulam a trabalhar um bocadinho mais na Bíblia”, afirmou à Agência ECCLESIA o Fr. Vítor Arantes, religioso franciscano.

“Tendo em conta a publicação da ‘Dei Verbum’ [documento sobre a Revelação de Deus] no Concílio Vaticano II (1962-65), sentimos que o povo de Deus está muito longe daquilo que foi o espírito da Igreja ao publicar aquele texto, onde se pede que bispos, padres, catequistas e leigos se deixem imbuir do sentido da Palavra de Deus, porque ignorar a Bíblia é ignorar Jesus Cristo”, observou o religioso.

Por isso, “estamos muito longe de atingir o ponto de equilíbrio entre um cristianismo de tradição e um cristianismo alimentado pela Palavra de Deus”, explicou.

Défice de preparação

“A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” é o tema da 10.ª Semana Bíblica de Gondomar, que decorre entre 2 e 7 de Novembro. A iniciativa é organizada pelos frades Franciscanos Capuchinhos e pela Vigararia local. Estão inscritas cerca de 380 pessoas, menos cem do que no ano passado.

A Semana Bíblica foi retomada em 2008, no âmbito da comemoração do cinquentenário do Seminário dos Capuchinhos de Gondomar, depois de uma interrupção entre 2004 e 2007.

Segundo o Fr. Vítor Arantes, que coordena a organização, a iniciativa pretende contribuir “para a evangelização da Vigararia” e “porque achamos que há um défice de preparação bíblica do povo de Deus”.

Revitalização do cristianismo passa pela Bíblia

Os efeitos destes encontros ultrapassam o plano dos conhecimentos adquiridos, influenciando a vida cristã: “Sou testemunha de que em Gondomar, as Semanas Bíblicas têm resultado num crescendo de abertura ao sentido da palavra de Deus”, garante o religioso franciscano.

“Em 2004 – exemplifica – realizaram-se 120 assembleias bíblicas, reunidas em casas particulares. Cinco anos depois, ainda existem cerca de 40 grupos que continuam a reunir-se mensalmente para lerem em comum a palavra de Deus, testemunhando e reforçando a fé nas raízes bíblicas.”

Por isso, o Fr. Vítor considera que “é preciso caminhar nesta direcção, se queremos revitalizar o cristianismo do nosso tempo, para responder aos desafios da fé nos tempos que correm”.

Deus permanece na passagem dos tempos

O Fr. Vítor Arantes relatou as ideias principais das intervenções dos três primeiros dias desta Semana Bíblica.

Os fiéis “têm que tomar consciência de que o Deus que falou pelos profetas, pelos patriarcas e, mais tarde, em Jesus, é o mesmo que hoje continua a falar em cada cristão e na própria Igreja”, afirmou D. António Couto, bispo auxiliar de Braga, durante a sessão inaugural.

No segundo dia, o frade Gustavo Ventura destacou que a Revelação de Deus ocorrida ao longo dos milénios não se caracteriza essencialmente por altos e baixos na sua intensidade e significação, mas pela permanência e continuidade do amor divino, que hoje se mantém através da leitura e vivência da palavra bíblica.

Na palestra desta Quarta-feira, o Cón. João da Silva Peixoto considerou que “se é um sacrilégio deitar ao chão um vaso de hóstias consagradas, é igualmente um sacrilégio que o povo, ouvindo ao Domingo os textos bíblicos, não os escute com a mesma fé com que venera o Corpo de Deus.”

A Semana Bíblica prossegue hoje com a intervenção do Fr. Herculano Alves, que reflectirá sobre «Os Caminhos (A Missão). A palavra de Deus. Animação de toda a pastoral». «A palavra no coração da fé – leitura orante da palavra» será o tema desenvolvido na Sexta-feira pelo Fr. Lopes Morgado. No último dia desta iniciativa, o bispo do Porto, D. Manuel Clemente, falará sobre «A festa da eucaristia – como levar hoje a bíblia ao povo?».

As sessões, que se iniciam às 21h15, ocorrem na cripta do Seminário dos Capuchinhos.

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Agência ECCLESIA

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