Proteção de Menores: Secretariado da Educação Cristã e Grupo Vita trabalham na capacitação de professores e catequistas

“Procuramos chegar aos agentes educativos, nomeadamente os professores de Educação Moral e Religiosa Católica e os catequistas, e também à Escola Católica», explicou António Cordeiro

Lisboa, 28 jan 2025 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional de Educação Cristã (SNEC) e o Grupo VITA – Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis – estão a trabalhar em conjunto na formação e capacitação de professores e agentes pastorais em Portugal.

“Na área da educação, o que nós procuramos com o Grupo VITA foi chegar aos agentes educativos, nomeadamente os professores de Educação Moral e Religiosa Católica, e os catequistas, e também à Escola Católica”, disse o coordenador do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC) no SNEC, em entrevista à Agência ECCLESIA.

António Cordeiro explicou que definiram como prioridade a formação, a capacitação dos agentes, para no seu trabalho serem “proactivos e estarem atentos a situações dos abusos das crianças”, um trabalho feito diretamente com as estruturas diocesanas, e com esses secretariados nas dioceses, com o apoio e todo o trabalho do Grupo VITA, organizaram “12 horas formativas que tinham incidência em três verbos importantes: Conhecer, prevenir e agir”.

O coordenador do Departamento de EMRC no Secretariado Nacional de Educação Cristã, da Conferência Episcopal Portuguesa, salienta que os professores da disciplina de Educação Moral e Religiosa Católica são “agentes privilegiados” nas escolas, porque estão em contacto com os alunos crianças durante muito tempo e também com uma grande “quantidade”.

O Grupo VITA divulgou três estudos de investigação, no dia 21 de janeiro, um abordou ‘Crenças sobre o abuso sexual infantil e a intenção de prevenção do abuso sexual em professores de Educação Moral Religiosa e Católica em Portugal’, da autoria de Beatriz Pires (ISCTE), participaram 784 professores, dos quais 55,3% referiu ter conhecimentos sobre o abuso sexual.

António Cordeiro destaca que foi “um bom grupo de professores” que participou nos estudos, para além dos 784 professores num estudo mais genérico, outro “mais específico” contou com “214” docentes, e realçou que, uma das conclusões, é que os professores se sentem “com algumas competências e capacidades para tratar destas problemáticas”.

O Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal também desenvolveu um estudo com catequistas, e Rita Santos, do Departamento de Catequese do SNEC, refere que fizeram também formação para os secretariados diocesanos deste setor, mas “muitas dioceses já estavam conscientes, muito sensíveis a este assunto”, e a ter alguns procedimentos.

“Muito no sentido de nós somos um ambiente seguro, somos um local seguro, a Igreja é um local seguro, e vamos mostrar esta confiança também às famílias, a todas as pessoas que recorrem a nós e que estão connosco”, acrescentou.

Rita Santos, que também é catequista, salienta que há crianças que têm momentos “de carinho e de alguma ternura”, com este agente pastoral na sua paróquia, e “isso não significa que haja algum problema de violência, mas pode significar que sim”, por isso, quiseram sensibilizar “os catequistas para estarem atentos a algum sinal”, porque o catequista “é um porto seguro a maior parte das vezes”.

O presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, D. António Augusto Azevedo, considerou “muito positivo” o trabalho realizado entre o Secretariado Nacional da Educação Cristã e o Grupo VITA, na área da proteção de menores, em declarações divulgadas pelo portal Educris.

HM/CB/OC

O Secretariado Nacional de Educação Cristã convidou também o Grupo VITA para acompanhar os novos manuais e recursos da disciplina de EMRC que estavam a ser elaborados, o coordenador do Departamento de Educação Moral e Religiosa Católica explica que foi “uma necessidade” e que o resultado “é positivo”.

“Era importante, dado as nossas temáticas específicas, que o Grupo VITA olhasse os nossos manuais. O grande objetivo é percebermos se aqueles conteúdos, a forma como estão a ser ditos, a sequencialidade, os destinatários e, aquele ambiente que é o escolar, se esses conteúdos estavam claros, se eram carentes de alguma reformulação”, desenvolveu.

No âmbito da catequese, Rita Santos acrescenta que “é importante” terem também “essa sensibilidade” do Grupo VITA, e explica que os catequistas têm uma formação inicial, mas, por exemplo, no seu caso é contabilista e não tem “formação pedagógica, nem psicológica”, e aqui existe “um porto de abrigo e um apoio que pode ajudar muito”.

“Como catequista que quero ter esta iniciativa e quero fazer este caminho. E também me cabe a mim não ficar só de braços cruzados à espera e também incentivar o meu prior, incentivar na diocese, procurar ajuda se for necessário e ter esta capacidade de perceber que esta segurança e esta ideia de que nós somos uma família em Igreja, e uma boa família”, desenvolveu Rita Santos, da equipa do Departamento da Catequese do Secretariado Nacional de Educação Cristã.

O Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal – Grupo VITA – apresentou o seu terceiro relatório de atividades, informou que apresentou 70 “sinalizações” a estruturas eclesiásticas e 25 à Justiça portuguesa (PGR/PJ), em 20 meses de atividade, e divulgou ainda três estudos de investigação – sobre catequistas, professores de EMRC e vivência do celibato -, no dia 21 de janeiro, em Lisboa.

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