Livro de Rute Agulhas e Jorge Neo Costa apresentaram os livros “Podes falar comigo” e “Julieta, a tartaruga que perdeu a caparaça” e lembram que a «responsabilidade da prevenção é de todos»

Lisboa 12 mar 2025 (Ecclesia) – Rute Agulhas afirmou esta terça-feira na apresentação da obra “Podes falar comigo” que a prevenção é uma responsabilidade de todos e que é necessário “saber pedir ajuda” em casos de violência sexual contra crianças.
“Falar de prevenção é ajudar as crianças a perceberem e a interiorizarem que o maior tesouro que elas têm é o seu corpo, são elas mesmas, que o corpo tem limites, que nem todas as pessoas podem em qualquer contexto e de qualquer forma tocar, fotografar, ver, falar sobre partes do corpo. É aprender também que há segredos bons e segredos maus, que devem ser distinguidos, e acima de tudo a saber pedir ajuda”, afirmou a coordenadora do Grupo Vita.
A psicóloga Rute Agulhas e o assistente social Pedro Neo Costa apresentaram esta terça-feira, na Sala de Âmbito Cultural do El Corte Inglés os livros “Podes falar comigo”, um “guia prático para compreender, prevenir e agir” em situações de violência sexual contra crianças, e “Julieta, a tartaruga que perdeu a caparaça”, o primeiro livro infantil de Rute Agulhas, que ajuda as crianças a “saber proteger o seu corpo”.
“Temos muitas crianças que são vítimas de violência sexual e que depois não sabem a quem pedir, como pedir ajuda: pedem a uma pessoa que não acredita, que desvaloriza, param por ali e as situações tendem a manter-se”, alertou a psicóloga.
“O ‘Podes falar comigo’ é muito focado nas questões da prevenção, porque acho que é mesmo isso que nós todos aqui acreditamos, que temos que deixar de olhar só para as situações quando elas acontecem, temos que agir antes numa perspetiva preventiva”, afirmou.
Rute Agulhas, que coordena o grupo Vita, criado pela Conferência Episcopal Portuguesa para acompanhar situações de abuso sexual contra crianças no contexto da Igreja Católica, lembrou que “fazer prevenção com crianças e com jovens não é falar de forma sexualmente explícita, não é despertar precocemente as crianças para este tema, não é despertar-lhes uma curiosidade que depois eles querem experimentar para ver como é que é”.
“São algumas falsas ideias que persistem”, referiu.
Na sessão de apresentação dos livros, Pedro Neo Costa reafirmou que todos são “responsáveis pela prevenção” e o livro “Podes falar comigo” quer “descomplicar o complicado”, “desmistificar o que é esta temática”.
“Falar de prevenção de abuso sexual a não é falar de sexo. Não há linguagem sexualmente explícita. É falar de ambientes de proteção e de cuidado. É falar da responsabilidade que todos nós temos para as nossas crianças. E não só das que nós temos em casa, mas daquelas que nos rodeiam no dia a dia. E todos nós temos um papel muito importante”, afirmou.
O assistente social lembrou que o livro “Podes falar comigo” não é só para profissionais, mas para “pais, cuidadores, avós, tios, padrinhos” e todos os que “trabalham com crianças e que podem, efetivamente, fazer a diferença na vida de uma criança”.
PR