«Entendemos estes pedidos de ajuda como um sinal claro de confiança no nosso trabalho» – Rute Agulhas
Lisboa, 23 ago 2023 (Ecclesia) – O Grupo Vita recebeu “48 denúncias de violência sexual contra crianças e adultos vulneráveis, no contexto da Igreja Católica em Portugal”, informou hoje, a coordenadora Rute Agulhas em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, num balanço dos três meses de funcionamento.
“Entendemos estes pedidos de ajuda como um sinal claro de confiança no nosso trabalho, o que muito nos gratifica”, lê-se no comunicado com data desta quarta-feira, 23 de agosto.
Grupo VITA – de acompanhamento das situações de violência sexual sobre crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal – criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), entrou em funcionamento há três meses e “recebeu, até ao momento, 48 denúncias”.
Rute Agulhas informa que “mais de 30 vítimas” de violência sexual contra crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal deram o seu “consentimento informado” para continuarem com a informação para as autoridades competentes, “para posterior procedimento canónico e civil”, nomeadamente, para as estruturas da Igreja Católica em Portugal, as Comissões Diocesanas e Institutos Religiosos.
“Estas situações foram também reportadas à Procuradoria-Geral da República, com exceção daquelas em que o suspeito já faleceu ou em que já decorreu, no passado, um processo de investigação penal”, acrescenta.
A coordenadora do Grupo VITA adianta também que, em paralelo, cerca de 20 vítimas de violência sexual estão em “fase de encaminhamento para apoio psicológico e psiquiátrico”, junto dos profissionais que integram a Bolsa do Grupo VITA e que já “beneficiaram de uma formação inicial”.
Neste contexto, adianta que esta formação vai repetir-se em duas datas distintas, no próximo mês de setembro, e, posteriormente, estes profissionais vão “beneficiar de formação aprofundada e de supervisão clínica”.
A psicóloga Rute Agulhas já tinha informado que os balanços sobre a atividade do Grupo Vita “serão feitos oportunamente” e que vão apresentar o “primeiro relatório de atividades” no “dia 12 de dezembro de 2023”.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico (91 509 0000), que abriu no dia 22 de maio, ou do formulário para sinalizações que está disponível no seu sítio online, em www.grupovita.pt.
Segundo o comunicado, nestes três meses, este grupo de acompanhamento tem também recebido “pedidos de ajuda que não se inserem no âmbito da sua intervenção”, e que encaminha para as entidades mais competentes.
O Grupo Vita – Grupo de Acompanhamento das situações de abuso sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal – foi criado pela CEP, na Assembleia Plenária de abril deste ano, com o objetivo de, “em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional, desenvolver uma ação que contribuirá para capacitar, ainda mais, o valioso trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelas Comissões Diocesanas no acolhimento e acompanhamento das vítimas, bem como na formação preventiva dos agentes pastorais”, como indica o comunicado final dessa reunião do episcopado.
Este novo organismo da Conferência Episcopal Portuguesa para o acompanhamento de casos de abusos sexuais na Igreja Católica, coordenado pela psicóloga Rute Agulhas, foi apresentado no dia 26 de abril, numa conferência de imprensa, em Lisboa; com um horizonte de pelo menos três anos, é constituído por especialistas em diversas áreas e funciona de forma autónoma, em articulação com a Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas para a Proteção de Menores.
Na sua viagem a Portugal, para presidir à Jornada Mundial da Juventude 2023 (1 a 6 de agosto), o Papa Francisco recebeu um grupo de 13 vítimas de abusos sexuais, de forma privada, no dia 2 de agosto, na Nunciatura Apostólica em Lisboa. A CEP informou que as vítimas foram acompanhadas por “representantes de instituições encarregadas da tutela de menores na Igreja em Portugal”: Rute Agulhas; Paula Margarido, presidente da Equipa de Coordenação Nacional das Comissões Diocesanas; Pedro Strecht, coordenador da Comissão Independente (CI) para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças, que apresentou o seu relatório final em fevereiro. |
CB