Formação no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil informou sobre casos de «potenciais vítimas» e sobre o «fenómeno de espectador passivo»

Braga, 24 mai 2025 (Ecclesia) – A coordenadora do Grupo Vita disse hoje à Agência ECCLESIA que têm sentido dificuldade em chegar à “população mais nova” para informar sobre situações em que possam ser vítimas e para contrariar “pactos de silêncio” entre amigos.
“Temos de contrariar este fenómeno de espectador passivo, temos de contrariá-lo no sentido que eles percebam que ajudar alguém de quem gostam é também revelar e sinalizar as situações”, afirmou Rute Agulhas em Braga, onde participou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil.
Para a coordenadora do Grupo Vita, é necessário contrariar o “pacto de silêncio que muitas vezes se faz entre os jovens” e capacitar cada uma e cada um com as “informações e ferramentas que lhes permitam não só reconhecer eventuais situações abusivas, mas sobretudo saber o que fazer e o que não fazer, saber reagir e acima de tudo saber a quem e como revelar”.
Os jovens têm um papel muito importante, não só pensando que alguma coisa lhes pode acontecer, enquanto potenciais vítimas, mas também enquanto potenciais espectadores, porque de facto existe um fenómeno nos mais jovens, que também é extensível aos mais velhos, mas que nos preocupa neste contexto em concreto, que é este efeito de espectador passivo: os jovens que muitas vezes falam entre eles, pedem ajuda uns aos outros quando vivenciam situações abusivas e ao mesmo tempo pedem segredo”.
“É uma oportunidade de ouro estar aqui hoje neste contexto, porque é de facto uma das áreas em que nós queremos intervir de forma mais próxima e que temos sentido dificuldade ao longo destes anos ainda de chegar a esta população mais nova”, afirmou Rute Agulhas, que lembrou o trabalho do Grupo Vita no acolhimento de casos de abuso e também na necessária prevenção.
O Grupo Vita, nas ações de formação que promove e nas comunicações que faz, previne “comportamentos de risco” e desajustados e alerta para o necessário respeito aos “limites dos outros”, onde o “não é não em qualquer momento de uma interação com outra pessoa”.
O Grupo Vita fez dois anos no dia 22 de maio, acolheu 130 vítimas de abuso sexual em contexto da Igreja Católica e recebeu 78 pedidos de compensação financeira, valorizando a confiança que é depositada no trabalho que estão a desenvolver.
Hoje, passados dois anos, sentimos que há de facto uma confiança muito grande, há um trabalho em parceria, já há mais de 60% das dioceses pediram ajuda no sentido da capacitação dos seus agentes mais diversos, padres, diáconos, agentes pastorais, catequistas, etc. Também os Institutos de Vida Consagrada têm vindo progressivamente a pedir essa colaboração”.
Rute Agulhas, coordenadora do Grupo Vita, participou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil, que hoje terminou em Braga.
CB/PR