Proteção de Menores: Estudo do Grupo VITA indica que «mais de 50% dos catequistas tem hoje práticas de prevenção do abuso», explica especialista

Joana Alexandre apresentou, aos responsáveis diocesanos de catequese, em Fátima, uma investigação sobre prevenção do abuso sexual numa amostra de catequistas

Foto: Educris

Fátima, 10 jan 2024 (Ecclesia) – Joana Alexandre, do Grupo VITA, apresentou hoje aos responsáveis diocesanos de catequese, em Fátima, um estudo que conclui que “mais de 50% dos catequistas tem hoje práticas de prevenção do abuso e abordam o tema com os seus catequizandos”.

A investigação “A prevenção do abuso sexual numa amostra de catequistas – Avaliação de necessidades e crenças sobre a problemática” foi desenvolvida pelo Grupo VITA, que acompanha situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis na Igreja Católica, com a colaboração do Secretariado Nacional da Educação Cristã, adianta o portal Educris.

A partir de uma amostra, que reuniu mais de 1.500 catequistas, a especialista deu conta da “aposta corajosa da Igreja na prevenção dos abusos em contexto eclesial” e apresentou alguns dos “impactos que o abuso gera nas vítimas”.

“O estudo mostra-nos que o tema é apresentado em contexto catequético quando os agentes intuem a sua relação com os temas da catequese. De outro modo percebermos que a intervenção dos catequistas é muito reduzida”, referiu.

De acordo com Joana Alexandre, é fundamental entender “se os catequistas se sentem proativos nesta situação” de modo que “a abordagem destes temas deixe de ser pontual e se cruze, de modo mais sistemático, com os tempos catequéticos”.

A especialista realçou a importância de prevenção para a questão dos abusos, avançando que um novo recurso está a ser ultimado e que vai trazer aos catequistas “materiais especializados para a Igreja”.

“Este programa Girassol, que iremos apresentar já a 8 de maio, aprofunda o tema das relações saudáveis, das emoções, do corpo e privacidade, dos segredos e estratégias da pessoa agressora, da internet e escolhas seguras, da comunicação e o pedir ajuda”, explicou, e tudo isto será realizado ludicamente através de um peddy papper.

“Só quando nos sentimos capazes, quando temos recursos, é que nos sentimos capazes para abordar estas questões no nosso trabalho”, sublinhou.

O estudo assinala ainda a necessidade de um reforço “na formação dos catequistas”, quer na “prevenção primária como no procedimento de atuação em matéria de violência sexual” e no conhecimento das “dinâmicas específicas da violência sexual”.

D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF) realçou, no final da apresentação do estudo, o trabalho conjunto que o organismo tem feito com o Grupo VITA para que o “drama social que afetou a Igreja, comece e ser reconhecido e encarado”.

“A Igreja corajosamente está a enfrentar o problema e nós, na CEECDF, temos feito caminho de prevenção e capacitação de professores de EMRC e dos nossos catequistas. Estes estudos ajudam-nos a perceber as questões e a encontrar caminhos de futuro”, destacou.

Segundo o Educris, na sessão foi ainda apresentado o Manual de Prevenção de Violência Sexual Contra Crianças e Adultos vulneráveis no Contexto da Igreja Católica em Portugal», que assenta em cinco grandes pilares: “Conhecer; Prevenir; Agir; Recursos Práticos e 10 mandamentos da prevenção”.

Os diretores e equipas dos Secretariados Diocesanos da Catequese estão hoje reunidos em Fátima para aprofundar a “dinâmica sinodal em contexto de catequese”.

Um ano depois de ter sido criado, o grupo VITA tem realizado o acompanhamento das vítimas, e o seu encaminhamento para as diferentes necessidades, quer sejam as de ordem da psicologia ou da psiquiatria.

Mais de 1500 pessoas, dentro da Igreja Católica, participaram em ações de sensibilização e de curta duração sobre as questões da prevenção dos abusos em contexto eclesial.

LJ

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