«É nosso dever moral contribuir para que este mal seja erradicado» – Irmã Maria da Graça Guedes
Fátima, 16 nov 2022 (Ecclesia) – A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) destacou a “grande colaboração” das congregações com a Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica (CI) e o seu grupo de investigação histórica.
“Unimo-nos de certa forma como Igreja e àquilo que foi a decisão da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). Como CIRP consideramos que não devíamos fazer algo à parte, somos uma Igreja em comunhão, e também fizemos esse protocolo direto com a Comissão Independente, e com o Grupo de Investigação Histórica”, explicou a irmã Maria da Graça Guedes, em declarações à Agência ECCLESIA.
A religiosa falava esta terça-feira, em Fátima, último dos dois dias de assembleia da CIRP.
A irmã Maria da Graça Guedes adiantou que o processo de trabalho da CI e do grupo de investigação histórica sobre os arquivos, com as congregações, “foi o mesmo que aplicaram” às dioceses.
“A Comissão Independente entrou diretamente em contacto com todas as congregações religiosas e foi fazendo o seu trabalho, e o grupo de investigação dos arquivos está a ser feito o processo, Eles querem cumprir os prazos e, até ao fim do ano, fazer o seu trabalho”, acrescentou a religiosa da Congregação das Religiosas do Amor de Deus.
A Comissão Independente para o Estudo de Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica em Portugal, criada pela CEP, com o apoio do Grupo de Investigação Histórica sobre os arquivos das dioceses e das congregações religiosas, vai divulgar um relatório, a 31 de janeiro de 2023, que será entregue à Conferência Episcopal Portuguesa e ao Ministério Público.
Segundo a presidente da CIRP, os Institutos Religiosos manifestaram todos a sua disponibilidade com este trabalho e estudo, e considera que estão a “conseguir atingir esse objetivo”.
Houve sempre esta abertura de uma grande colaboração. Antes de mais, é nosso dever moral contribuir para que este mal seja erradicado, e ajudar especialmente aqueles que padeceram deste mal dentro das nossas possibilidades. E dar o nosso contributo enquanto Vida Consagrada para que isto não se venha a repetir, a Igreja saia reforçada, e que os seus membros não percam a sua esperança e a sua fé”.
Segundo a irmã Maria da Graça Guedes, este é um caminho onde se encontraram “pedras” que fazem parte de uma história, mas é preciso “fazer alguma coisa para um futuro mais brilhante e iluminador”.
Já no contexto do processo sinodal em curso na Igreja Católica, até outubro de 2024, a responsável assinalou que as duas assembleias anteriores da CIRP debateram o contributo da vida religiosa para esta dinâmica lançada pelo Papa Francisco.
“Depois a nível local os religiosos e consagrados também tiveram a sua oportunidade nas assembleias criadas, nos momentos diocesanos, nas paróquias. Mesmo a nível dos secretariados regionais houve encontros para se fazer este processo. Sentimos que na síntese final está o nosso contributo”, acrescentou a presidente da CIRP.
LS/CB/OC
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