Prostituição/Exploração sexual: Associação «O Ninho» promove «luta diária pelos direitos humanos»

«Há uma série de fatores que leva as pessoas a esta situação de prostituição e a pobreza não é só económica», afirmou Sandra Rodrigues, diretora-técnica

Lisboa, 10 dez 2025 (Ecclesia) – A Associação ‘O Ninho’, Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) de inspiração católica, trabalha diariamente com “pessoas em situação de prostituição ou traficadas para fins de exploração sexual”, “uma luta diária pelos direitos humanos”, de humanização e empoderamento.

“’O Ninho’ tem uma postura muito empática, muito de diálogo, de estar ao pé da pessoa, de estarmos com a pessoa. Nós não resgatamos ninguém da rua, cada pessoa tem o seu tempo, e ‘O Ninho’ tem muito essa consciência, o tempo de cada pessoa, é necessário haver uma mudança interna primeiro, e é isso que fazemos”, disse Sandra Rodrigues, diretora-técnica da instituição, em entrevista à Agência ECCLESIA por ocasião do Dia Internacional dos Direitos Humanos (10 de dezembro).

‘O Ninho’ tem por objetivo “a promoção humana e social de pessoas vítimas de prostituição”, a diretora técnica da associação explica que têm “uma abordagem muito humanista”, estão com as pessoas, “ao lado delas”, “seja de noite, seja de dia”, para apoiar, para “dar a conhecer também um pouco a comunidade onde estão inseridas”, e vão com elas aos serviços, porque “há um estigma e estas pessoas sofrem muito” com esse “dedo apontado”.

“E nós estamos lá até a pessoa sentir que está no caminho de mudança, nós mostramos caminhos e a pessoa sente. Um drama diário mesmo, isto é uma violência, é uma luta diária pelos direitos humanos também.”

Sandra Rodrigues explica que há uma série de fatores que leva as pessoas para a situação de prostituição, “internos mas também externos”, como a pobreza, que “não é só económica, é uma pobreza económica, mas também social, uma pobreza a nível de afeto, a nível dos sentimentos”.

Neste sentido, ‘O Ninho’ realiza um “trabalho de humanização e empowerment (empoderamento) da própria pessoa”, da sua reconstrução pessoal, “de um crescimento pessoal, e para isso a associação disponibiliza “apoio psicológico e social, aconselhamento jurídico, para que a pessoa comece a tornar-se mais ser”.

‘O Ninho’ tem vários serviços, para além da “intervenção diária na rua, em bares, apartamentos” com a equipa psicossocial, têm também “oficinas de treino e aprendizagem ao trabalho”, onde as pessoas que apoiam têm um horário a cumprir e são chamadas de “estagiárias”, que “é um termo mais digno”, porque fazem um “género de preparação para o mercado de trabalho”, como artesanato.

Sandra Rodrigues, diretora-técnica da Associação ‘O Ninho’, acrescentou ainda que o trabalho que desenvolvem é “discreto”, e exemplifica que quando estão na rua não há nada que os caracterize: “Nós não levamos um colete, estamos descaracterizados, somos nós próprias, que estamos ali com outra pessoa”.

‘O Ninho’ em Portugal nasceu em 1967, “foi criado muito à semelhança” da associação francesa, de onde trouxe essa inspiração, e, desde essa altura, há 58 anos, “foi adequando os seus serviços” e “trabalhando sempre” de acordo com o que se esperava da associação, “com o que as pessoas precisavam”.

“Desde 67 tem havido bastantes alterações e mesmo a nível do meio prostitucional. Antigamente havia muito mais prostituição de rua do que há hoje, principalmente a partir do Covid encontra-se muito mais prostituição em apartamentos, em bares, casas fechadas, através das redes sociais cada vez mais, embora a prostituição de rua continua e existe ainda”, desenvolveu a entrevistada, no Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

A Associação ‘O Ninho’ celebrou 58 anos de trabalho pela dignidade das vítimas de exploração sexual com uma Eucaristia, presidida pelo patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, no dia 28 de novembro, na Sé.

LS/CB/OC

Neste Dia Internacional dos Direitos Humanos 2025, ‘O Ninho’ afirma que ‘defender direitos humanos é defender vidas’, e destaca que trabalha “diariamente” para que o direito à segurança, à autonomia, à educação, à proteção contra qualquer forma de exploração e ao pleno respeito pela identidade de cada pessoa “sejam realidade para quem vive situações de vulnerabilidade”, numa publicação nas suas páginas nas redes sociais Facebook e Instagram.

A Associação ‘O Ninho’ lançou recentemente a sua nova página na internet www.oninho.pt, onde, destaca Sandra Rodrigues, tem “uma loja social” que vende os seus produtos e quem quiser pode encontrar as “prendas de Natal”.

‘O Ninho’, IPSS de inspiração católica  fundada por Inês Fontinha, recebeu o Prémio Direitos Humanos, pela Assembleia da República Portuguesa, em 2003; este ano de 2025 foi distinguida pelo Prémio BPI Fundação ‘la Caixa’ Solidário, por um projeto com os objetivos de promover a integração sociolaboral e de lutar contra a exclusão social.

Em 2017, o ‘Programa 70×7’, emitido no dia 17 de dezembro, assinalou os 50 anos da Associação ‘O Ninho’ e as alternativas para mulheres em situação de prostituição.

 

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