O Padre Julian Carrón, responsável internacional do movimento Comunhão e Libertação (CL), defende que a experiência é essencial para aderir ao Cristianismo. O responsável sublinhou esta ideia, de passagem por Lisboa, onde falou sobre a “proposta cristã para o homem de hoje”, fazendo o apelo às pessoas para que tenham “audácia para poderem experimentar na vida a experiência cristã”. Em declarações ao Programa ECCLESIA, o sucessor de Mons. Luigi Giussani – fundador do CL – considera que a espiritualidade desta Fraternidade Eclesial “é muito simples”, baseada nos “elementos da tradição cristã” e oferecida à razão, em liberdade, para que cada um a possa experimentar e a ela aderir. “A questão fundamental é não reduzir o Cristianismo a uma simples doutrina, ele é um acontecimento que arrasta, que implica toda a pessoa em todas as dimensões da vida”, acrescenta. O Pe. Carrón admite que esta concepção de Cristianismo como “acontecimento” seja, porventura, “a coisa mais difícil de se viver, porque só se transmite através de um encontro vivo”. “É mais fácil estudar um livro e, depois, ensiná-lo, do que viver uma experiência que transmita a beleza da fé”, assinala. Ao homem de hoje, qualquer que seja a situação em que se encontre, é preciso falar “ao coração, que a qualquer momento pode sentir a necessidade de encontrar algo que dê sentido e sabor à vida”. “Um Cristianismo reduzido a doutrina, reduzido a ética, não tem nada a fazer neste mundo. O Cristianismo, em todo o seu poder de beleza, não pode ser evitado por nenhum poder deste mundo”, explica. Miguel Abranches Pinto, responsável pelo CL em Portugal, refere que a experiência da Fraternidade, no nosso país, procura seguir o ideal de “anunciar Cristo no mundo contemporâneo”. O desafio, para os membros do movimento, passa por mostrar que Deus concerne a “aspectos do trabalho, da cultura, da família”. O primeiro passo, destaca, “é o encontro com Cristo, uma personalidade extraordinária”. Isilda Pegado, membro do CL, explica que a proposta do movimento é “a resposta mais global, quanto a mim, que é dada ao homem na sua relação com Deus”. O caminho que percorreu é marcado pela “alegria”, a satisfação por uma nova forma de vida. Comunhão e Libertação é um movimento que propõe uma educação integral no caminho da fé, a partir da consciência do Cristianismo como acontecimento histórico e da Igreja como lugar do encontro com Cristo. Foi fundado por Monsenhor Luigi Giussani (nascido em 1922 e falecido a 22 de Fevereiro de 2005), a partir da sua experiência como professor de religião numa escola pública. Começa em 1954 em Milão (Itália), com a designação de “Gioventú Studentesca” (GS), tomando em 1969 o nome actual de “Comunione e Liberazione”. O fundador foi autor de dezenas de livros traduzidos em todo o mundo. A Santa Sé reconheceu a “Fraternità di Comunione e Liberazione” (1982), associação eclesial de direito pontifício, e a associação laical “Memores Domini” (1988) à qual aderem homens e mulheres que vivem uma forma de entrega total a Cristo na vida profissional e social; a ambas preside depois da morte de Mons. Giussani, o Padre Julian Carrón. O movimento está presente em 67 nações dos cinco continentes.