Bispo da Guarda pronuncia-se sobre a encíclica «Caritas in veritate»
A impossibilidade de criar um modelo de aperfeiçoamento humano sem Deus é uma das conclusões mais importantes da encíclica «Caritas in veritate», considera o bispo da Guarda. Para D. Manuel Felício, "não é qualquer desenvolvimento ou o desenvolvimento pago a qualquer preço que nos interessa".
O actual modelo de sociedade "foi apresentado como promessa de resposta para todos os anseios humanos", mas esse compromisso "não se cumpriu", como se pode constatar pelos efeitos da crise económica, de valores e de sentido.
O presidente da Comissão Episcopal da Doutrina da Fé e do Ecumenismo afirmou que os padrões de criação e distribuição de riqueza baseados no "puro consumismo" não são sustentáveis. Por outro lado, é precisa uma conversão "a novos hábitos de vida, sobretudo quanto à utilização dos recursos oferecidos pela natureza que não são inesgotáveis".
O subdesenvolvimento, que "continua a afectar grande número de pessoas e povos", tem a sua causa endémica na falta de solidariedade. Para D. Manuel Felício, a encíclica conclui que "a vocação à fraternidade vem de Deus e só Ele a pode levar ao seu pleno cumprimento".
A globalização e a actividade dos mercados financeiros "já provou ser geradora de muita perversidade", pelo que é essencial "criar uma autoridade internacional competente e com meios para exercer a sua necessária função reguladora".
O bispo da Guarda refere que as sugestões apontadas na carta de Bento XVI são um "contributo decisivo não só para superar a crise, mas sobretudo para ajudar a cumprir a utopia de modelos de sociedade alternativos àquele em que vivemos".