Projecto País Solidário e desenvolvimento solidário

Uma iniciativa, um Projecto que mobilizou a Sociedade Civil Portuguesa para o combate à Pobreza e Exclusão Social. Um Projecto que a Cáritas Diocesana de Setúbal acolheu, tornou seu e, como tal, ofereceu a todos aqueles que se disponibilizaram e acreditaram numa iniciativa que podia ser um pólo dinamizador e aglutinador, quer dos agentes empenhados nessa luta, quer dos que, em conse-quência da crise, e sem poderem beneficiar de qualquer sistema de apoio social, se viram em situações de não poderem garantir a digna subsistência dos seus.

Esta iniciativa projectava-se como um embrião para um empenhamento colectivo no caminho de um desenvolvimento solidário porque mobilizava entidades públicas e organizações da sociedade civil, pessoas individuais e grupos, actuando de forma voluntária e em rede, as quais, com conhecimento do terreno e numa actuação de proximidade, poderiam mudar o paradigma da luta contra a pobreza, pelo incentivo ao envolvimento dos sujeitos atingidos, apoiados na resolução dos seus próprios problemas.

A Cáritas Diocesana de Setúbal aderiu a esta proposta da Cáritas Portuguesa. Constituiu a sua equipa coordenadora para actuação na península de Setúbal e integrou, no grupo de trabalho, os agentes de proximidade: grupos sócio caritativos, Cáritas Paroquiais, Conferên-cias Vicentinas, Centros Sociais Paroquiais, de modo a serem os impulsionadores e dina-mizadores da Campanha. É necessário estar próximo para se conhecer melhor o próximo.

Depois de cinco reuniões, em diferentes locais da península, os grupos de proximidade ficaram a conhecer a metodologia do projecto ,- apoiada em documentação fornecida pela Fundação Gulbenkian – e mobilizaram-se para empenhar toda a comunidade cristã na sinalização das pessoas em situação de pobreza, provocada pela actual crise económico-financeira. O interlocutor da Cáritas Diocesana passou a ser o grupo de proximidade que sinalizava as situações e recolhia a documentação comprovativa.

As sessões de trabalho foram muito participadas, os grupos actuaram com empenho e eficiência; aferiram-se critérios e sanaram-se problemas, alguns com êxito notório. Mas, como se tratava de um projecto que dependia mais do apoio financeiro dos promotores do que da vontade e iniciativa dos executores, ele teve um fim… Fim esse que, apesar de não nos deixar prosseguir no sonho que nos acalentava, deixou a todos uma certeza: na intervenção social, as estatísticas não podem ser a única medida da sua eficácia! Os efeitos da crise só podem ser combatidos por um desenvolvimento solidário que crie oportunidades reais para que, famílias e indivíduos, refaçam a sua vida, criem e desenvolvam uma autonomia face aos sistema de protecção social. A autonomia das pessoas e famílias – sobretudo a financeira – tem um “preço”: saber apoiar e criar espaço para libertar e deixar crescer. Os técnicos que se envolvem e acreditam que isso é possível, não se podem sentir constrangidos pelos dados estatísticos, mas questionarem, por uma séria auto e hetero avaliação,a coerência da sua intervenção/acção.

Esta iniciativa, apesar de curta no tempo (Maio a Dezembro de 2009), ultrapassou, em muito, as nossas próprias expectativas e deu-nos a possibilidade de colher uma certeza: a rede social da Igreja pode ser um forte motor para o desenvolvimento social, humano e sustentado. Por si só e sozinha, a Igreja, muito pouco pode fazer mas, como pólo dinamizador da Sociedade Civil aberta e disponível para congregar as diferenças, juntar vontades dispersas, desenvolver a criativi-dade que cada cidadão, transporta no seu “vaso de barro” é um grande potencial!

O trabalho de tantos e tantas voluntárias/os anónimos que, nas várias comunidades cristãs fomos encontrando, são o vigor e a vida da comunidade eclesial e os verdadeiros promotores deste Projecto que lançou a semente e deixou a certeza de que, na dádiva e simplicidade, está o coração impulsionador de um verdadeiro e consolidado desenvolvimento humano e sustentado.

A esperança lançada nas sementes do Verbo, estão espalhadas pelo coração de toda a Humanidade, crente e não crente , vai-se concretizando nestas iniciativas que podem não ter o grande impacto de imagem e publicidade que se deseja, mas são o que verdadeiramente cria, recria e tece o tecido social, familiar e pessoal que se entrelaça e desenvolve na solidariedade, quando se aposta no Bem Comum, na cidadania activa e consciente, que mais não é do que o compromisso evangélico vivido em radicalidade.

Maria Isabel Santos Monteiro
Directora Técnica do Centro Social S. Francisco Xavier
Cáritas Diocesana de Setúbal

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top