Projecto europeu enfraqueceu nos últimos 20 anos

Presidentes das Conferências dos Bispos da Europa reuniram-se em assembleia plenária

“Europa, tende confiança. Vinte anos após a queda do Muro de Berlim, redescobrir um novo ímpeto, há uma esperança a proclamar” é o título da mensagem aprovada pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), que se reuniu em assembleia plenária entre 1 e 4 de Outubro, em Paris. No documento, os bispos constatam que «o extraordinário projecto europeu, com uma forte sustentação ética, enfraqueceu bastante» nas últimas duas décadas.

Os prelados expressaram a sua preocupação face a alguns «desenvolvimentos legislativos nos (…) países e nas instituições europeias», na medida em que se opõem ao «bem autêntico».

«Estamos (…) conscientes da urgência de fazer corresponder as normas jurídicas à lei natural – que se baseia na dignidade humana, determinando deste modo os direitos e deveres inalienáveis de cada pessoa. Estas normas devem ser caracterizadas pelo diálogo, respeito pela liberdade e procura sincera da verdade», refere a mensagem.

Relações Igreja-Estado

O encontro foi dedicado à discussão do tema “Igreja e Estado, vinte anos após a queda do Muro de Berlim”. Depois do fim da “Cortina de Ferro”, ocorrida a 9 de Novembro de 1989, muitas nações, especialmente do Leste, elaboraram novas constituições e regularizaram as suas relações com a Igreja Católica.

Por outro lado, a crescente influência que as instituições europeias estão a assumir na vida dos países, conduz, em alguns casos, à modificação da legislação nesses estados, quando esta entra em conflito com o que foi decidido a nível europeu.

Por estes motivos, os presidentes das Conferências Episcopais sentiram a necessidade de serem informados acerca da multiplicidade de soluções e modelos adoptados pelos países, bem como sobre as questões europeias que ainda estão por resolver. O encontro constituiu também uma oportunidade para examinar as relações que o Vaticano mantém com os estados e com as instituições supranacionais, como a União Europeia e o Conselho da Europa.

Depois de uma reflexão sobre os fundamentos filosóficos e teológicos das relações Igreja-Estado e Religião-Sociedade, os participantes analisaram as formas como esses intercâmbios podem ser aplicados nos países; para esse efeito, os prelados contaram com os resultados das pesquisas realizadas pelo Conselho das Conferências Episcopais da Europa.

Nova comissão episcopal

Os participantes criaram uma nova comissão episcopal no âmbito da CCEE, designada “Caritas in Veritate”. O objectivo deste Organismo é promover a partilha e o trabalho comum nas áreas relacionadas com questões sociais, migrações, justiça, paz e salvaguarda da criação.

A assembleia aprovou por unanimidade o pedido do Arcebispo Maronita de Chipre, D. Joseph Soueif, para fazer parte do Conselho. A partir de agora, a CCEE conta com a participação de 33 conferências episcopais, além dos prelados do Luxemburgo, Principado do Mónaco, Chipre e Chisinau (Moldávia).

Durante a assembleia, os bispos escreveram uma carta, na qual unem a sua voz às de todos os que apoiam a Igreja e o povo das Honduras, que vive uma grave crise política. A construção de um edifício de grandes proporções, cujos limites se situam a oito metros da catedral de Bucareste, mereceu também a atenção dos participantes, que endereçaram uma missiva à comunidade católica daquela arquidiocese romena.

No decurso do encontro, o presidente da República Francesa, Nicolas Sarkozy, reuniu-se com uma delegação dos prelados presentes no encontro.

A assembleia plenária de 2010 realizar-se-á de 30 de Setembro a 3 de Outubro, em Zagreb, Croácia.

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Agência ECCLESIA

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