Trabalho entregue a Gerhard Grenzing, maior especialista em órgãos ibéricos O projecto do órgão de tubos para a Sé da Guarda deverá estar concluído no início de Março. A garantia foi deixada, na Guarda, por Gerhard Grenzing, maior especialista em órgãos ibéricos, que visitou a Catedral, no passado mês de Dezembro. “O projecto, para que possa ser apresentado, discutido e analisado, deverá estar concluído dentro de dois meses” referiu Gerhard Grenzing, ao jornal A Guarda, durante a visita de trabalho que realizou à Catedral. E adiantou que “vamos precisar de alguns meses para fazer o projecto do futuro órgão, da Catedral da Guarda, pois temos muito trabalho, em muitos países do mundo”. Em relação ao órgão para a Sé da Guarda, Gerhard Grenzing disse que “vai ser um órgão contemporâneo tanto no desenho como nas possibilidades interpretativas, tendo em vista as futuras gerações”. Este vai ser um órgão “totalmente novo, mas sem esquecer a história do órgão aqui existente no passado, enlaçando a tradição ibérica com a portuguesa, destinado ao ouvido português, porque cada língua tem um ouvido e o órgão tem de se adaptar para que as pessoas possam comunicar com o som do órgão”. Numa primeira análise às condições da Sé da Guarda, Gerhard Grenzing referiu a excelente acústica, “nem demasiado curta nem demasiado larga”. Encantado com a Sé, o especialista referiu que “o espaço arquitectónico é uma maravilha e a acústica muito boa”. “A acústica ajuda ao som do órgão, por isso, o órgão não tem de ser grande nem potente, mas simplesmente harmónico e com poesia, que é o mais importante”. Quanto à localização do órgão na Catedral, as medições foram feitas, para a zona da porta que dá para a Praça Velha, para o sítio dos cantores. Para Gerhard Grenzing “é um sito bom”. “Fizemos já o primeiro teste acústico e verificámos que as vozes se transmitem claramente sem se misturar”. Sobre a importância de um órgão de tubos na Sé da Guarda, Gerhard Grenzing é claro ao afirmar que “uma catedral sem órgão é como um cantor sem voz”. Para António Moiteiro, pároco da Sé, “é importante avançar com o projecto do órgão, que já vem de há muitos anos. Se não agirmos, o órgão nunca se fará”. A escolha de Gerhard Grenzing para fazer o projecto é justificada pelo facto de “ser a pessoa mais entendida em órgãos ibéricos”. O Pe. José Geada, um dos maiores músicos, da actualidade, da Diocese da Guarda, e um dos grandes impulsionadores da construção do órgão de tubos para a Sé, acredita que estão, agora, reunidas as condições para que o projecto possa avançar. Em seu entender “tudo depende do projecto que for apresentado por Gerhard Grenzing e da disponibilidade económica para o concretizar. Esperemos que seja um projecto bom, porque o senhor Gerhard Grenzing é o maior especialista nos órgãos ibéricos”, adiantou. José Geada diz que o que foi pedido a Gerhard Grenzing foi “um órgão com características semelhantes ao que já existiu na Sé, com registos para a música clássica e moderna. Mostrei-lhe a fotografia do órgão antigo e a cópia de uns jogos que foram acrescentados em 1790 para ele ter uma ideia daquilo que existiu”. José Geada adiantou ao Jornal «A Guarda» que “é importante que o futuro órgão da Sé tenha possibilidade de tocar música ibérica, música clássica e música moderna. O próprio Gerhard Grenzing disse que tem de se deixar a possibilidade para outros géneros de música de órgão, que se vai sempre renovando”. A empresa «Gerhard Grenzing, s.a. Construcció d’Orgues», está a trabalhar em órgãos na Coreia, no Japão, e encontra-se também a restaurar o maior órgão ibérico que existe, na Catedral do México e restaurou, recentemente, um órgão português, da Escola do Porto, no Brasil, que será inaugurado brevemente. Na visita que realizou à Sé da Guarda, Gerhard Grenzing foi acompanhado pelo Bispo da Diocese, D. Manuel Felício, pelo Vigário Geral, Manuel Matos, pelo pároco, António Moiteiro, e ainda do padre José Geada e do Cónego Eugénio Sério.